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Cartas encontradas em hotel revelam história de amor da 2ª Guerra Mundial

Uma das cartas encontradas no assoalho de hotel no Reino Unido; lugar serviu de hospedaria para militares na Segunda Guerra - Reprodução/Facebook
Uma das cartas encontradas no assoalho de hotel no Reino Unido; lugar serviu de hospedaria para militares na Segunda Guerra Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/03/2021 19h33Atualizada em 15/03/2021 19h33

Uma história de amor da 2ª Guerra Mundial veio à tona quase 80 anos depois graças à reforma em um hotel de Scarborough, a 385 km de Londres, onde foram encontradas cartas trocadas entre um membro da Força Aérea britânica e sua namorada.

Nas mensagens escritas à mão, o sargento John McConnell, então com 19 anos, declarava seu amor pela moça, identificada apenas como "M". Natural de Lanarkshire, na Escócia, ele foi deslocado para uma base na cidade inglesa durante o conflito, sendo abrigado em um dos quartos do hotel Esplanade.

"Recebi sua carta hoje e você parece tão deprimida. Eu estou feliz que vou voltar pra casa de novo e, talvez, possa te deixar um pouco mais feliz. (...) O tempo não parece passar tão rápido por aqui e os dias se arrastam, eu aposto que eles voarão quando eu chegar em casa novamente. Querida, eu me sinto tão sozinho sem você", escreveu McConnell em uma das mensagens, divulgadas no Facebook do Museu Histórico e Arqueológico de Scarborough, que foi avisado pelos donos do hotel sobre o achado.

Publicado por Scarborough Archaeological and Historical Society em Segunda-feira, 8 de março de 2021

"Nós recebemos uma mensagem do hotel dizendo que haviam encontrado todo esse material", lembrou Marie Woods, uma das guardiãs do arquivo, em entrevista ao Yorkshire Post.

"Eles queriam saber o que fazer com tudo aquilo. Mas eu não estava preparada para as fotos que eles me enviaram", completou, contando que ficou "animada" com a antiga história de amor.

"Foi muito empolgante examinar tudo aquilo sem saber o que eu iria encontrar", ponderou ela, que examinou todo o material em sua casa antes de redirecioná-lo ao museu.

Woods explicou ainda que é raro encontrar arquivos com correspondências de ambas as partes, como foi o caso no hotel inglês, em que além das respostas de sua amada, McConnell também manteve cópias a lápis de suas próprias declarações.

"O sargento McConnell escreveu a lápis que estava sem tinta, e escreveu que planejava ir comprar mais. Então é provável que ele tenha enviado a versão à caneta e mantido a cópia", teorizou.

Em outra mensagem, enviada pela namorada do sargento, ela parece responder a uma carta mais positiva do militar, se dizendo ansiosa por sua folga das obrigações de guerra.

"Você está sempre nos meus pensamentos noite e dia. Onde quer que você vá, meu querido, nunca se esqueça que eu te amo mais que tudo no mundo. Estou esperando pela sua licença. Que Deus te abençoe e te mantenha seguro. Pra sempre sua", declarou "M".

Publicado por Scarborough Archaeological and Historical Society em Segunda-feira, 8 de março de 2021

Apesar do romantismo em torno da história, ela não teve um final feliz: segundo dados militares, o sargento foi morto na véspera do Natal de 1943, quando o Avro Lancaster III que ele pilotava, acompanhado de mais seis colegas, colidiu no ar com outro avião britânico no norte de Louth, cidade com apenas 16 mil habitantes a 210 km de Londres.

Ele ainda tinha 19 anos na época.

Além das cartas de McConnell, outras mensagens foram encontradas no assoalho do hotel britânico. Entre elas, a mais tocante, na opinião de Woods, foi a nota de um soldado identificado como Jay Lancaster, sugerindo que jogar "bombas vazias" parecia melhor que "tentar cravar uma baioneta em alguém".

"A ideia de jogar bombas e não saber quem eram as pessoas que você matou deveria ser mais fácil de lidar do que matar alguém frente a frente. Então pra mim essa foi a coisa mais comovente que encontramos", explicou.

Agora, o objetivo dos administradores do museu é entregar as cartas à família de seus donos. Em suas redes sociais, eles pediram para que descendentes de McConnell e de sua amada os procurem para retirá-las.

"Seria maravilhoso se nós pudéssemos rastrear alguém", concluiu a atual tutora das correspondências.