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Pela primeira vez, presidente dos EUA reconhece genocídio armênio

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden é o primeiro na história a reconhecer o genocídio armênio - Doug Mills/Pool/Getty Images via AFP
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden é o primeiro na história a reconhecer o genocídio armênio Imagem: Doug Mills/Pool/Getty Images via AFP

Do UOL, em São Paulo*

24/04/2021 14h40Atualizada em 24/04/2021 14h42

Joe Biden reconheceu hoje o genocídio armênio, tornando-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a qualificar assim as mortes de 1,5 milhão de armênios massacrados pelo Império Otomano a partir de 1915.

"Os americanos recordam todos os armênios que morreram no genocídio que começou há 106 anos hoje", escreveu ele em um comunicado.

O anúncio de Biden não tem significado jurídico, mas pode piorar as tensões com a Turquia, que o secretário de Estado americano Antony Blinken chamou de "suposto parceiro estratégico" que "em muitos aspectos não se comporta como um aliado".

O presidente democrata afirma querer colocar a defesa dos direitos humanos no centro de sua política externa. Seu governo confirmou a acusação de "genocídio" feita nos últimos dias da presidência de Donald Trump contra a China pela repressão aos muçulmanos uigures.

"Estamos afirmando a história. Não estamos fazendo isso para atacar ninguém, mas para garantir que o que aconteceu nunca se repita", acrescentou.

Trata-se de "honrar as vítimas, não atacar quem quer seja", sublinhou uma autoridade americana, sob condição de anonimato. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan reagiu imediatamente denunciando "a politização por terceiros" sobre o debate.

Em contrapartida, o ministro de Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse que a Turquia "não tem nenhuma lição a receber de ninguém sobre sua história".

Já o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, considerou que o reconhecimento do genocídio por Biden representa um "grande passo", no 106º aniversário dos massacres entre 1915 e 1917 pelo Império Otomano.

Em uma mensagem em sua conta no Facebook, Pashinyan agradeceu Biden "pelo grande passo em direção à justiça e o apoio inestimável aos descendentes das vítimas do genocídio armênio".

O genocídio armênio é reconhecido por mais de vinte países e muitos historiadores, mas é vigorosamente contestado pela Turquia.

Entenda o que foi o massacre

O Império Otomano é acusado de ter cometido genocídio contra o povo armênio no início do sécio XX, no ano de 1915. As execuções ocorreram durante e após a Primeira Guerra Mundial.

Homens foram massacrados e sujeitados a trabalho forçado, enquanto as mulheres, crianças, idosos e pessoas que estavam doentes eram deportados em marchas que os levavam ao deserto sírio.

Os deportados eram privados de comida e água, e submetidos a roubos, estupros e massacres periódicos.

Grupos étnicos nativos e cristãos, como os assírios e gregos otomanos, também foram perseguidos pelo governo Império Otomano e seu tratamento é considerado por muitos historiadores como parte da mesma política genocida.

* Com informações da AFP