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Titanic: Ex-funcionário alertou sobre problemas de segurança de submersível

David Lochridge, ex-funcinário da OceanGate - Reprodução/OceanGate Expeditions
David Lochridge, ex-funcinário da OceanGate Imagem: Reprodução/OceanGate Expeditions

Do UOL, em São Paulo

20/06/2023 19h06Atualizada em 20/06/2023 19h24

Um ex-funcionário já havia alertado a Ocean Gate sobre problemas de segurança do submersível que desapareceu no Atlântico Norte durante expedição até os destroços do Titanic.

O que aconteceu

David Lochridge, piloto de submersível, havia alertado que o submarino não era capaz de descer a tais profundidades extremas, e acabou sendo demitido da empresa. A informação é da revista The New Republic, que teve acesso a documentos da Justiça sobre um caso de 2018.

Lochridge era o diretor de operações marítimas à época e "responsável pela segurança de toda a tripulação e clientes". As preocupações levaram a um caso de quebra de contrato porque o funcionário teria se recusado a liberar testes tripulados dos primeiros modelos do veículo.

O funcionário foi demitido e a Ocean Gate o processou por divulgar informações confidenciais. Lochridge recorreu, alegando que a rescisão de contrato foi injusta por ser um denunciante sobre a qualidade e segurança do submersível.

"Em vez de abordar as preocupações de Lochridge, a OceanGate rescindiu sumariamente o contrato, nos esforços para silenciar Lochridge e evitar abordar as questões de segurança e controle de qualidade", diz um trecho do documento, segundo a revista norte-americana.

Submarino Ocean Gate - Divulgação/OceanGate - Divulgação/OceanGate
Submersível da Ocean Gate desapareceu durante expedição até destroços do Titanic
Imagem: Divulgação/OceanGate

No processo, Lochridge ainda detalhou uma reunião de engenheiros da empresa, na qual outros funcionários expressaram preocupação sobre a segurança do submersível. O CEO da OceanGate, Stockton Rush, teria então pedido uma inspeção de qualidade, mas Lochridge afirmou ter sido "recebido com hostilidade e negação de acesso à documentação necessária".

Ainda conforme o processo, Lochridge recebeu uma informação de que a janela de visualização do veículo tinha certificação para aguentar pressões de até 1,3 mil metros. A intenção da empresa, porém, era levar a expedição até o naufrágio do Titanic, a 3,8 mil metros de profundidade. Passageiros também não saberiam "que materiais inflamáveis eram usados dentro do submersível".

Conforme relatos do processo, o caso entre o funcionário e a empresa não avançou muito e, alguns meses depois, as duas partes chegaram a um acordo.

O caso

A embarcação Titan submergiu na manhã de domingo, 18 de junho. Os turistas queriam ver os destroços do Titanic, localizado no Atlântico Norte.

O barco de apoio na superfície, o quebra-gelo Polar Prince, perdeu contato com ele cerca de uma hora e 45 minutos mais tarde, segundo a Guarda Costeira dos EUA.

O submersível foi dado como desaparecido a cerca de 700 quilômetros ao sul de São João da Terra Nova, capital da província canadense de Terra Nova e Labrador, segundo as autoridades canadenses, na área onde ocorreu o naufrágio do Titanic, em 1912.