Jogadora iraniana de futsal é impedida de competir por seu marido
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AP
Foto datada de 28 de abril de 2006 mostra jogadora iraniana Niloufar Ardalani (de uniforme branco, à esquerda) jogando em partida contra equipe da Alemanha no estádio Ararat, em Teerã
Para Niloufar Ardalani, uma das melhores jogadoras da equipe feminina iraniana de futebol de salão, um sonho acabou definitivamente no dia 11 de setembro. Essa iraniana de 30 anos deveria viajar com suas colegas de equipe para a Malásia, para participar do primeiro campeonato da Confederação Asiática de Futsal, mas seu marido se recusou a lhe conceder o direito de sair do território iraniano. De fato, o nome dessa iraniana, que joga no meio de campo, foi retirado da lista da seleção nacional.
Na República Islâmica do Irã, as mulheres casadas precisam da permissão escrita do marido para poderem pedir um passaporte e sair do país. A qualquer momento o esposo pode anular essa permissão, o que impedirá a mulher de deixar o território e fará com que seu passaporte seja confiscado na fronteira.
"Eu havia treinado muito com minha equipe", explicou Niloufar Ardalani ao site de notícias "Nasim". "Mas meu marido não me deu meu passaporte para essas competições [o campeonato ocorre entre os dias 17 e 26 de setembro]. Perdi a oportunidade de participar porque meu marido não me deixou viajar para o exterior."
Esse incidente ressuscitou, sobretudo nas redes sociais, o debate sobre as leis iranianas, as limitações dos direitos das mulheres e os abusos que elas podem provocar.
O marido de Niloufar Ardalani, Mehdi Toutounchi, é um conhecido apresentador do canal iraniano de esportes, que, antes desse incidente, sempre apoiou as esportistas e sobretudo sua mulher. De acordo com ela, Toutounchi alegou como pretexto a volta às aulas de seu filho de 7 anos e o fato de que ele não conseguiria suportar a ausência de sua mãe nesse momento crítico, algo que sua esposa nega.
Niloufar Ardalani não pretende desistir e quer levar esse caso perante a Associação dos Direitos das Mulheres. "Não estou indo para o exterior para me divertir. Meu objetivo é dar orgulho a meu país. Assim como no caso dos rapazes [atletas profissionais e membros de equipes nacionais] que ainda não cumpriram seu serviço militar [obrigatório no Irã], é preciso também encontrar uma solução para as mulheres", ela argumentou em uma entrevista concedida ao jornal esportivo "Gol". "Que diferença existe entre nós? Sou mulher e mãe, e não vou abrir mão de meus direitos", disse.
Como a Associação dos Direitos das Mulheres não tem poder judicial, a queixa de Niloufar Ardalani não tem chance de ser atendida. Ela só pode contar com uma coisa: o clamor midiático suscitado pela recusa de seu marido e as mensagens quase unânimes dos internautas pedindo-lhe para que mude de ideia.
Tradutor: UOL
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