Golshifteh Farahani não é somente uma atriz. Como diz a cineasta Marjane Satrapi, que a dirigiu em "Frango com Ameixas", "ela não é somente o Irã, ela é a mãe do Irã".

Estrela desde a adolescência, Golshifteh Farahani foi a primeira atriz iraniana, desde a revolução de 1979, a atuar em um grande filme de Hollywood --"Rede de Mentiras", com Leonardo di Caprio.

Na avant-première do filme em Nova York, em 2008, ela apareceu sem véu, provocando a ira do governo iraniano, que a proibiu de atuar no país, confiscou seu passaporte e fez com que ela se exilasse na França. Ela continuou sua carreira a partir de Paris, filmando com Asghar Farhadi ("Procurando Elly"), Atiq Rahimi ("A Pedra de Paciência"), Hiner Saleem ("Si tu meurs, je te tue") e em Hollywood ("Êxodo: Deuses e Reis").

"Eu não digo nada, para acalmar os ânimos"

Em 2012, ela participou, junto com outros atores e atrizes considerados revelações do prêmio César, de um vídeo em que cada um revelava uma parte de seu corpo. Ela escolheu o seio direito. As autoridades iranianas consideraram seu comportamento "deplorável", e sua família, que ficou em Teerã, foi perseguida pela polícia.

Alguns meses após a divulgação do vídeo, Golshifteh Farahani declarou ao "Le Monde":

"O Irã é um país de contradições, as diferenças culturais são enormes. Ali tudo é política, ainda que ninguém conheça o César. Eu não digo nada, para acalmar os ânimos."

Dois anos depois, Golshifteh Farahani dessa vez posa nua para a câmera do fotógrafo de moda Paolo Roversi, na capa da revista "L'Egoïste", onde ela diz que Paris "é o único lugar do mundo onde as mulheres não se sentem culpadas. No Oriente, isso acontece o tempo todo, desde o momento em que você sente seus primeiros impulsos sexuais".

A República Islâmica do Irã ainda não se manifestou oficialmente.

Tradutor: UOL