Governo monta cartilha para ajudar pais a combater consumismo infantil
O Ministério do Meio Ambiente lançou na tarde desta quarta-feira (31) o caderno Consumismo Infantil: na Contramão da Sustentabilidade, que orienta pais e educadores a lidar com os apelos de consumo da sociedade.
"Se o Brasil quer ser líder de sustentabilidade no mundo, temos de provocar esse debate e saber quais as escolhas que a sociedade está fazendo", afirmou a Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental da pasta, Samyra Crespo. "Estamos preocupados em saber que crianças vamos deixar para o planeta, e não apenas o contrário. Porque elas serão as responsáveis pelas escolhas no futuro."
Gabriela Vuolo, do Instituto Alana, destacou que ninguém nasce consumista e que é preocupante ter propagandas direcionadas ao público infantil. Uma pesquisa do órgão revela que, durante o Dia das Crianças de 2011, 64% da publicidade em 10 canais de TV monitorados foram direcionados só aos menores. "As crianças até 10 anos não diferenciam o que é entretenimento do que é publicidade. Anunciar para esse público é contra qualquer padrão de sustentabilidade."
As crianças brasileiras assistem, em média, a cinco horas de televisão por dia, mostra último levantamento do Ibope, feito em 2011. Este é o meio que mais contribui para o consumismo, segundo o Instituto Alana, pois o mercado publicitário já percebeu que a criança exerce influência dentro da família na hora da comprar. Por isso, as campanhas de importantes produtos, de material de limpeza a automóvel, têm um forte apelo infantil.
Juliana Pereira, da Secretaria Nacional do Consumidor, lembrou dos esforços do governo em tentar reverter esse quadro e que, há dez anos, tramita um projeto de lei na Câmara dos Deputados para proibir a publicidade voltada ao público infantil. “O Ministério da Justiça está multando empresas que abusam de brincadeiras e personagens infantis para vender produtos às crianças”, ressaltou.
A nova cartilha, feita em parceria com o instituto, traz dicas práticas de como estimular as crianças a desligar a televisão e brincar ao ar livre, doar um brinquedo usado quando recebem um novo – é a prática do “ganhou, doou!” -, reciclar embalagens e comer lanches saudáveis. Além disso, ele faz a criança refletir se aquele presente que elas tanto pedem é realmente necessário ou apenas um capricho.
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