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Nível de mercúrio nos oceanos triplicou em função de atividade humana

Em Londres

07/08/2014 11h47

O nível de mercúrio em algumas zonas dos oceanos triplicou como consequência da atividade humana nos últimos séculos, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (6) pela revista Nature.

A partir de medições recentes nos oceanos Atlântico, Pacífico, Ártico e Antártico, os cientistas estimam que a quantidade total de mercúrio procedente de atividade humana dissolvido nos mares da Terra é de 290 milhões de moles, com uma margem de erro de 80 milhões.

As conclusões indicam que a intervenção humana no ciclo natural do mercúrio ocasionou um aumento de cerca de 150% do elemento na camada de água termoclina, aquela que marca a fronteira do oceano profundo, e a um aumento de mais de três vezes em águas superficiais.

Segundo os pesquisadores, dois terços do mercúrio se concentram a menos de mil metros de profundidade.

Os novos cálculos situam a concentração de mercúrio em um ponto médio em relação às estimativas teóricas publicadas até agora, que estimavam a quantidade desse elemento no oceano entre 36 milhões e 1.313 milhões de moles.

O mercúrio é um elemento extremamente volátil que se dispersa rapidamente pela atmosfera, onde se mantém durante meses antes de se depositar sobre os oceanos.

O material metálico é liberado de forma natural em erupções vulcânicas e pela erosão de rochas devido ao vento e a água, apesar da atividade humana ter alterado este ciclo e feito com que aumentassem os níveis de mercúrio no meio ambiente.

"A combustão de carvão, as extrações de ouro, a produção de cimento e a incineração de lixo contribuíram para esse aumento", explicou Carl Lamborg, geoquímico da Instituição Oceanográfica Woods Hole (EUA) e responsável pelo estudo.

Os compostos de mercúrio inorgânicos, que no passado eram utilizados como fungicidas, antissépticos e em remédios, deram lugar ao chamado mercúrio metílico, o composto orgânico do mercúrio mais frequente no meio ambiente e um elemento tóxico que pode se acumular na cadeia elementar.

O responsável pelo estudo ressaltou que a quantificação do mercúrio total acumulado na água dos oceanos ajudará a compreender melhor o processo pelo qual se forma o mercúrio metílico e se contamina a vida marinha.

"Apesar de acharmos que o mercúrio aumentou na água dos oceanos, não sabemos o suficiente sobre o processo de biomagnificação (acumulação de tóxicos na cadeia emissora trófica) para afirmar que nos peixes também aumentou e que portanto representa um perigo", afirmou Lamborg.

"A hipótese inicial mais lógica é pensar que os peixes seguiram o mesmo caminho que a água do oceano, mas ainda temos que provar", acrescentou o geoquímico.