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Chile cria uma das maiores áreas marinhas protegidas do mundo na Ilha de Páscoa

 Habitante da Ilha de Páscoa assina, junto a autoridades chilenas, acordo de criação de duas novas áreas protegidas. Com o anúncio, o Chile transformou parte de seu oceano em um dos maiores espaços de proteção marinha do mundo - Felipe Trueba/EFE
Habitante da Ilha de Páscoa assina, junto a autoridades chilenas, acordo de criação de duas novas áreas protegidas. Com o anúncio, o Chile transformou parte de seu oceano em um dos maiores espaços de proteção marinha do mundo Imagem: Felipe Trueba/EFE

05/10/2015 17h40

Com o anúncio nesta segunda-feira (5) de duas novas áreas protegidas, uma delas na Ilha de Páscoa, o Chile transformou parte de seu oceano em um dos maiores espaços de proteção marinha do mundo.

Quando as iniciativas forem concretizadas, somadas a áreas já existentes, o Chile terá protegido "uma superfície total de mais de um milhão de quilômetros quadrados, tornando-se um dos maiores espaços de proteção do mundo", disse a presidente chilena, Michelle Bachelet, ao inaugurar a conferência Our Ocean ("Nosso oceano"), realizada em Valparaíso.

A reunião, capitaneada pelos Estados Unidos, reúne representantes de 20 governos e parte das organizações de proteção ambiental mais importantes do mundo.

A área protegida na Ilha de Páscoa, somada às existentes em Motu Motiro Hiva-Iorana, completa um total de 720.000 km2 ao redor desta ilha icônica chilena, a cerca de 3.500 km do território continental do Chile e habitada por cerca de 4.000 pessoas.

Segundo os acordos internacionais, a nova área protegida da Ilha de Páscoa deve ser submetida à aprovação da comunidade indígena Rapa Nui.

"Esta área tem as únicas fontes hidrotermais em águas chilenas. Sua composição mineral e temperatura permite que muitas espécies vivam em ambientes extremos", explicou a organização de conservação "The Pew Charitables Trusts".

O lugar "é de grande importância para a desova de muitas espécies, incluindo o atum, tubarão, marlim e peixe espada. Sua proteção em grande escala iria preservar cerca de 142 espécies que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo".

"Para conseguir a auto sustentabilidade, devemos pensar em otimizar nossos recursos. Nosso recurso é o mar e o futuro de Rapa Nui é o mar", afirmou o prefeito da Ilha de Páscoa, Edmunds Paoa, que comemorou o anúncio de Bachelet.

"Mundialmente famosa por suas estátuas Moai, a Ilha de Páscoa será agora conhecida como líder global na conservação do oceano", disse Joshua S. Reichert, da organização Pew, que liderou os esforços para proteger o parque marinho.

As águas da Ilha de Páscoa são consideradas um verdadeiro "oásis" de nutrientes em uma área do Oceano Pacífico onde a água é muito pobre em alimentos.

- Nazca-Desventuradas -Bachelet anunciou também a criação de outro parque marinho. O de Nazca-Desventuradas, que inclui as ilhas de San Félix e San Ambrosio, nos arredores do arquipélago de Juan Fernández, também no Pacífico.

"Este parque marinho alcançará uma vasta superfície da Zona Econômica Exclusiva destas ilhas, com uma extensão de 297.000 quilômetros quadrados", afirmou Bachelet.

O parque junta-se a uma Área Marinha Costeira Protegida e uma rede de Parques Marinhos e no Arquipélago de Juan Fernández, de cerca de 13.000 quilômetros quadrados de superfície de área protegida.

"Com as duas ações contribuímos muito para a conservação da rica biodiversidade marinha desta ampla zona do Pacífico", disse a presidente.

- Mais reservas nos Estados Unidos -Durante a conferência, o presidente Barack Obama anunciou através de uma mensagem de vídeo dois novos santuários marinhos nos Estados Unidos.

O primeiro, uma área de de 2.300 km2 no Lago de Michigan (Wisconsin), onde há dezenas de barcos atracados, e o outro corresponde a Mallows Bay, no rio Potomac (Maryland), que também conta com inúmeros navios afundados.

"A pergunta não é se o oceano está em risco. A verdadeira pergunta é se nós, todos neste planeta, vamos ajustar nossas condutas com a finalidade de proteger o oceano para as gerações futuras", disse em seu discurso inaugural o secretário de Estado John Kerry, presente na abertura.

Na mesma linha, um porta-voz do Departamento de Estado, Justen Thomas, disse à AFP que o objetivo dos Estados Unidos é chamar a atenção mundial sobre a problemática do oceano, em alusão a todos os oceanos e sua interação, e a médio prazo "conseguir que 10% do oceano esteja protegido".

Thomas comemorou que com o anúncio de Bachelet será criada a "maior reserva (marinha) da América Latina".

Na conferência, os Estados Unidos também lançaram uma iniciativa global de vigilância para o controle da pesca ilegal, que busca detectar com o uso de novas tecnologias os principais focos de pesca ilegal.

A conferência Our Ocean, que termina nesta terça-feira, também tratará da contaminação por plástico do oceano Pacífico, da pesca ilegal e da acidificação dos mares.