Poluição e aquecimento: corais em AL sofrem branqueamento e correm risco
Recifes de corais da enseada da praia da Pajuçara, em Maceió, estão embranquecendo. A suspeita é de que o responsável seja o aquecimento global, que esteja influenciado na temperatura da água do mar, agravando ainda mais a situação da água que sofre com poluição de dejetos jogados no litoral de Maceió por meio de esgotos irregulares.
A área de maior branqueamento foi identificada na Piscina do Amor, que está interditada para visitação para preservação dos corais desde o ano passado. Segundo o IMA, além dos corais da Piscina do Amor, foram percebidos branqueamento de outros recifes de corais adjacentes na enseada da Pajuçara.
O problema foi constatado no dia 10 de abril e está piorando, segundo pesquisadores da Ufal (Universidade Federal de Alagoas).
Uma das maiores barreiras de corais do mundo
A Piscina do Amor fica localizada numa área chamada de Costa dos Corais, que inicia em Pernambuco e vai até Alagoas. Com 130 km de exuberantes piscinas naturais e biodiversidade de vida madrinha, a Costa dos Corais possui uma das maiores barreiras de corais do mundo.
Amostras da água marinha e de corais afetados já foram coletadas para identificar com precisão o que está ocorrendo na barreira de corais.
O professor do Laboratório de Diversidade Molecular da Ufal, Leonardo Broetto, afirmou que as análises vão verificar que espécies de corais que estão sendo afetadas e os graus de severidade do branqueamento.
“Fizemos coletas de uma espécie que é considerada mais resistente, amostras de corais saudáveis, de corais com branqueamento severo para posterior extração de DNA e extração de proteínas totais para que possamos descobrir o que está ocorrendo no nível de associação com micro-organismos e ideia do que está acontecendo com o invertebrado em geral. Os corais são extremamente importantes para o equilíbrio marinho”, explicou Broetto.
O coordenador de Gerenciamento Costeiro do IMA, Ricardo César de Oliveira, explica que os corais vivem em simbiose com algas, que dão a coloração ao organismo, que é de cor branca, por conta do carbonato de cálcio.
Os pólipos dos corais depositam algas que fazem fotossíntese, passam açúcar e nutrientes para os corais e estes dão a proteção e a sustentação para essas algas. Um depende do outro para viverem.”
Próximo passo é morte
A professora Beatrice Padovani, do departamento de Oceanografia UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), coordena o programa nacional de monitoramento de recifes de coral, chamado de ReefCheck Brasil. Segundo ela, a situação dos corais em Alagoas é de alerta porque os recifes com branqueamento correm o risco de morrer, como ocorreu recentemente na Grande Barreira de Coral na Austrália.
Em 2016 foi constatada uma área de branqueamento de corais em Maragogi (litoral norte de Alagoas) e agora em Maceió.
“Geralmente, o branqueamento de corais está relacionado a algum estresse do bicho, como aumento da temperatura dos oceanos, poluição da água e até doenças. As algas saem dos corais e eles ficam brancos, sem benefício da fotossíntese, começam a enfraquecer e morrer”, explica Padovani, destacando que no ano passado, devido ao El Niño foi registrado o verão mais quente dos últimos 40 anos, a temperatura anômala, que ultrapassou a média história, e pode ser um dos fatores do branqueamento.
“Outra possibilidade é a temperatura da piscina fechada num dia de muito sol com várias marés baixas. Pode haver superaquecimento da água naquele determinado local, o animal não está acostumado e sofrer o estresse”, disse Padovani.
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