Alckmin recorre a forró e São João no Nordeste para diminuir desvantagem

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Eliane Neves/Fotoarena/Estadão Conteúdo

    "Não sou conhecido no Brasil", disse Alckmin em entrevista à Jovem Pan

    "Não sou conhecido no Brasil", disse Alckmin em entrevista à Jovem Pan

Estagnado nas últimas pesquisas de intenção de votos e com dificuldades de crescer sobretudo no Nordeste do país, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, participa nesta sexta-feira (22), em Caruaru (PE), da festividade de São João –uma das mais tradicionais do país e um dos principais cartões de visita da região.

A festa dura praticamente todo o mês de junho e é considerada a segunda maior celebração do estado, em movimentação da economia, depois do Natal. Alckmin chega à cidade no final da tarde a convite da prefeita Raquel Lyra (PSDB), ex-delegada da Polícia Federal e uma das coordenadoras do programa de segurança do presidenciável.

A previsão é que ele desembarque na cidade, localizada no Agreste pernambucano, por volta das 17h. De lá, segue para o sítio Macambira, às margens da BR-104, de propriedade do ex-governador João Lyra Neto (PSDB), onde recebe correligionários e lideranças locais. À noite, o ex-governador seguirá para a Estação Ferroviária, espaço cultural da cidade e um dos principais polos das festas juninas, e, de lá, ao Pátio do Forró, onde encerra a visita.

A campanha tucana informou que está prevista também a ida de Alckmin ao São João de Campina Grande (PB) no sábado (23), mas ressalvou que os detalhes ainda seriam acertados com a equipe de Cássio Cunha Lima, senador tucano pela Paraíba.

Na última pesquisa Datafolha, o paulista apareceu com 7% das intenções de voto --desempenho mais baixo do PSDB em 30 anos. Em entrevistas sobre o assunto, ele tem dito que a eleição só começa, de fato, com a definição das candidaturas nas convenções de julho e agosto.

Na pesquisa espontânea - quando o entrevistado responde sem receber uma lista prévia de candidatos -, Alckmin teve 0% das intenções de voto no Datafolha. Nos cenários estimulados, o tucano variou entre 2% e 4% na preferência do eleitorado nordestino.

Contato com as pessoas "é imprescindível", diz prefeita

Em entrevista ao UOL, a prefeita e coordenadora de campanha do tucano admitiu que a "imersão" do tucano na festividade nordestina pode contribuir para reverter o baixo desempenho nas pesquisas. Anteontem, por exemplo, em entrevista à rádio Jovem Pan, o ex-governador assim justificou os números que são atribuídos a ele: "Eu não sou conhecido no Brasil", disse.

A prefeita disse tê-lo convidado há cerca de duas semanas, durante a apresentação, no Rio, da equipe que cuidaria das propostas em segurança.

"Essa é uma eleição presidencial muito única em que o jogo está totalmente em aberto, então, claro que todos os elementos devem ser levados em consideração. É trabalhar e conseguir regionalizar propostas, fazer o diálogo com a população e chegar em outubro dentro de um novo cenário", disse. "O cara que desponta na desponta na liderança certamente não disputará as eleições [o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, preso e com chances de ser tornado inelegível], mas esse é o jogo que vamos jogar", declarou.

Indagada se a participação do tucano em eventos como o São João nordestino pode representar ganhos já na pré-campanha, a prefeita definiu: "É a chance de ele conhecer a festividade, vivenciar isso e falar um pouquinho sobre o que pensa. E também de obter essa vivência cultural, conversar com as pessoas e ter um contato direto com elas, o que é imprescindível", concluiu.

No último ano, de acordo com a prefeita, cerca de 2 milhões de pessoas passaram pelas festividades em Caruaru. A estimativa é que o evento gere cerca de 6 mil empregos e movimente R$ 200 milhões na economia local.

Petista bateu tucano em 2006 com 77% dos votos do Nordeste

Além das pesquisas para a campanha deste ano, a imersão de Alckmin pelo Nordeste tem outro pano de fundo: a derrota nas eleições presidenciais de 2006 para o então candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele ano, o petista obteve 77% dos votos válidos nos nove estados nordestinos, o que significava, na ocasião, quase 20 milhões de votos. Naquele pleito, a região respondeu por mais de um terço (33%) da votação do petista.

Lula lidera as pesquisas para a campanha deste ano nos cenários em que seu nome é colocado. Se não reverter a prisão e se for declarado inelegível, no entanto, as chances do petista de tentar um terceiro mandato praticamente se anulam. Em cenários sem ele, as pesquisas apontam liderança do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ).

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