Bolsonaro diz que não abriria arquivos da ditadura: "deve ficar no passado"

Do UOL, em São Paulo

  • Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

    30.jul.2018 - O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, participa do Roda Viva

    30.jul.2018 - O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, participa do Roda Viva

O deputado federal e candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, disse nesta segunda-feira (30) que, se for eleito, não abrirá os arquivos da ditadura militar no Brasil. "Deve ficar no passado", afirmou. O presidenciável foi entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura.

"Não vou abrir nada. Não tem o que saber", disse Bolsonaro, que divergiu nas respostas entre não conhecer a documentação ou não saber se ela ainda existia. O deputado federal afirmou ainda que os acontecimentos da época da ditadura são "uma ferida que tem que ser cicatrizada".

Bolsonaro disse desconhecer os arquivos das forças militares e afirmou que "os papéis com certeza já sumiram".

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Questionado sobre a reabertura das investigações pelo MPF (Ministério Público Federal) sobre a tortura e o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, Bolsonaro afirmou que "geralmente esses órgãos têm viés de esquerda".

Anunciada nesta segunda, a reabertura das investigações acontece após o Brasil ser condenado pela CIDH (Corte Interamericana de Direitos Humanos) por falta de julgamento e sanção dos responsáveis pela morte do jornalista.

Perguntado se acreditava que Herzog sofreu tortura, Bolsonaro desconversou e mencionou um caso em que um homem teria aparecido em condições semelhantes à do jornalista após ser preso, em Goiânia, por tráfico de crianças.

"Por que para um lado é execução e para o outro não?", questionou.

Ao longo do programa, o deputado afirmou que pode ter havido crimes de tortura durante a ditadura militar no Brasil, mas que eles foram uma parcela pequena do regime.

Intervenção no Rio

Questionado sobre a intervenção federal no Rio de Janeiro, decretada pelo presidente Michel Temer (MDB) em fevereiro deste ano, Bolsonaro disse que a medida não está dando certo porque "não tem retaguarda jurídica".

"Vocês dizem que estamos em guerra. Que guerra é essa que só um lado pode matar?", disse o deputado. "Essa intervenção que está aí eu não colocaria em prática".

O candidato voltou a defender o porte de armas para o cidadão comum: "quem não quiser ter arma, que não tenha".

Perguntado se tinha um ídolo na história do Brasil, após dizer que o ídolo de sua vida era seu pai, Bolsonaro afirmou não ter nenhum, mas sim pessoas que ele admira, sem citá-las nominalmente. Como seu livro de cabeceira, o deputado federal citou a obra "A Verdade Sufocada", de autoria do coronel Carlos Alberto Ustra. "É uma história real do Brasil", disse.

A advogada Janaina Paschoal (PSL), cotada como possível vice na chapa de Bolsonaro, e o presidente licenciado do PSL, Luciano Bivar, assistiram à roda de entrevistas no estúdio da TV Cultura.

Jair Bolsonaro aparece em segundo lugar nas principais pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, atrás apenas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele lidera os cenários em que o petista não é testado. Preso há quase quatro meses na sede da PF (Polícia Federal) em Curitiba, Lula está, em tese, inelegível pela Lei da Ficha Limpa. A candidatura de Lula dependerá de uma análise da Justiça Eleitoral.

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