"Exposição que preferia não ter", diz candidato com patrimônio de R$ 668 mi
Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo
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Ze Carlos Barretta - 6.set.2013/Folhapress
Fernando Marques, presidente da União Química, em foto de 2013
A divulgação de um patrimônio milionário e da classificação dele como o maior entre os de todos os candidatos que disputarão a eleição este ano no Brasil incomodou o empresário Fernando de Castro Marques, 64. Candidato do Solidariedade a uma vaga ao Senado pelo Distrito Federal, o empresário do ramo farmacêutico declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma extensa lista de bens no valor de R$ 667,9 milhões para esta que será sua primeira eleição.
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"É uma exposição que eu preferia não ter; tenho uma vida discreta, sou uma pessoa discreta, e lamentavelmente, em função dessa candidatura, tive que botar minha declaração [de bens] lá [no sistema da Justiça Eleitoral, de acesso público]", afirmou Castro ao UOL nesta quarta-feira (22).
Mineiro de Belo Horizonte criado em São Paulo e há 15 anos vivendo no DF, Castro contou que já foi filiado ao PTB, mas que só o SD, do deputado federal Paulinho da Força (SP), "abriu espaço" para uma candidatura desse porte de um novato em disputas.
Do total de bens declarados, a maior parte, R$ 338,9 milhões, é oriunda de participação no capital de empresas. Nos anos 1970, o pai do candidato, João Marques, comprou o laboratório Prata, que mais tarde daria origem à União Química, uma das maiores farmacêuticas do Brasil. O restante do patrimônio declarado de Castro Marques é composto por aplicações, fundos e terrenos, além de cerca de R$ 1,6 milhão em obras de arte – sobretudo, de quadros do artista brasileiro Carybé.
"Nosso Congresso deveria ser a 'Câmara dos comuns'. Lá dentro tem empresário, médico, sindicalista, jornalista..." Lembrado que faz parte de uma minoria de milionários brasileiros --e de outra: a de milionários que buscam a política --, Castro minimizou: "Sou de uma minoria, como tem outras minorias lá dentro. Alguém que está na política e pode contribuir com ideias para o país desenvolver e que seja patriota, cidadão de bem, tem condição contribuir independentemente da lista de bens."
Questionado se vale a pena a troca, ainda que temporária, da atividade empresarial e agropecuária –ele tem fazendas em Minas e Goiás – pela vida política, Castro discursa: "Não é uma questão de valer a pena. Precisamos ter políticos que realmente sirvam a política, e não se sirvam dela. Precisamos melhorar a qualidade do Congresso, por isso, é importante que pessoas de outras áreas, com suas vidas já estabilizadas, se dediquem à política", defendeu.
Indagado sobre propostas, afirmou que militará "pelo desenvolvimento industrial". "As indústrias passaram a abandonar nosso país; deixaram de produzir. Precisamos reverter isso", afirmou.
Se sente algum tipo de preconceito ou de barreira por ser um milionário tentando uma área nova e, ao mesmo tempo, com mandatos de décadas, ele garante que não.
"Com meu patrimônio, eu poderia morar em qualquer parte do mundo, mas amo meu país e quero viver aqui. Quero estabilidade econômica e política", definiu. E completou: "Quando a gente vê a pesquisa considerando alguém que está na cadeia... Isso é uma coisa absurda! Como pode fazer pesquisa com alguém cumprindo pena?"
A referência do candidato foi ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera todos os cenários de primeiro turno em que o nome dele é considerado.
Sobre sentir-se à vontade no partido criado por Paulinho da Força – citado em delações da Odebrecht, na Operação Lava Jato, como receptor de R$ 1 milhão em propina para prestar "tutoria" sobre os movimentos sindicais à empresa, o que o parlamentar nega --, Castro esquivou-se: "Todo mundo que está na vida pública pode ser investigado. Uma coisa é isso, a outra, é um condenado cumprindo pena."
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