Dias critica banqueiros e quer ver "rico pagar mais e pobre pagar menos"

Luís Adorno e Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

O candidato do Podemos à Presidência da República, Alvaro Dias, afirmou na manhã desta segunda-feira (10), que "o Brasil é o paraíso dos banqueiros" e sugeriu uma reforma tributária que consista em beneficiar a população mais pobre, fazendo ela pagar menos. Em contraponto, ele propôs que a população rica do país pague mais impostos.

"A reforma tributária que nós pretendemos é essa: tributa mais na renda e menos no consumo, para beneficiar a população mais despossuída. A população pobre paga atualmente mais que a população rica. Nós vamos inverter essa expectativa. Os ricos vão pagar mais, os pobres vão pagar menos", afirmou o candidato durante sabatina realizada pelo UOL, jornal "Folha de S.Paulo" e SBT.

Dias criticou o PT, ao afirmar que, se dizendo dos trabalhadores, atuou ao lado de banqueiros durante o período que governou o país. "Esses governos que se diziam dos trabalhadores se tornaram de multimilionários, de banqueiros. Olha, há um monopólio de bancos no Brasil. O governo alimentou esse monopólio. Eles decidem cobrar o que querem cobrar, o quanto querem ganhar e tem um cliente especial, que é o governo", afirmou.

Se eu mexesse no bolso do trabalhador, no bolso do aposentado, eu não seria um candidato, eu seria um patife, eu seria um canalha. Porque essa gente já sofre demais. Nós temos que mexer onde é possível mexer. É no bolso de outros.

Alvaro Dias, candidato à Presidência pelo Podemos

O candidato afirmou que "o sistema financeiro, por exemplo, que está operando nas sombras dessa campanha eleitoral, tentando influir [diretamente na eleição deste ano]". Dias apontou que pretende reduzir as taxas de juros e liberar crédito para micro, pequena e média empresa, com a expectativa de, assim, gerar lucros. 

"A população pobre paga atualmente mais que a população rica. Nós vamos inverter essa expectativa. Os ricos vão pagar mais, os pobres vão pagar menos. A sociedade pagado menos impostos, o governo vai arrecadar mais", afirmou o candidato.

A proposta apresentada por Alvaro na sabatina é semelhante às dos candidatos Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL). Ciro propôs imposto "mais pesado" a heranças acima de R$ 2 milhões, e Boulos, que vai taxar os ricos, incluindo o candidato do MDB, Henrique Meirelles

Entre as propostas de Alvaro Dias na área de economia, está a de mexer na base de cálculo do salário mínimo. A vontade de Dias é que o montante seja vinculado ao PIB (Produto Interno Bruto) e não à inflação, como ocorre atualmente. Ele também defendeu deslocar o salário mínimo de outras despesas do governo federal. Outra intenção do candidato é isentar do imposto de renda pessoas físicas que ganhem até R$ 5 mil mensais.

Não vamos resolver esse país nem a bala nem a facada

Inspirações: Chanceler da Alemanha e Sergio Moro

Alvaro Dias diz que a ação de limitar as despesas vai inspirar seu governo, caso eleito. "Angela Merkel inspirou. Ela chegou em 2008 diante de uma crise brutal. Ela começou dizendo: 'se a dona de casa tivesse sido consultada, nós não estávamos vivendo esse impasse'", afirmou, elogiando a chanceler alemã.

"Merkel aplicou limitador adicional de despesas. Depois, o Obama fez igual. Pretendemos aplicar aqui, se vocês permitirem, um limitador de 10%", complementou dizendo ter como vice Paulo Rabello de Castro e que ele "vai gerenciar pessoalmente isso".

"Se nós olharmos o desperdício, não é difícil. Vamos avaliar as despesas de todos os governos. Realizamos o saneamento financeiro. Sei que há desperdício de mais de 10%. Eliminando o desperdício, damos a virada do déficit", afirmou. 

Ao longo da sabatina, Alvaro Dias criticou a desigualdade social no país e a manutenção de benesses a autoridades dos Três Poderes. Ele pregou o combate a privilégios e se comprometeu a, se eleito, fiscalizar o teto salarial, diminuir a quantidade de senadores e deputados federais, além de acabar com "penduricalhos".

Como exemplo, disse se recusar a receber auxílio-moradia e outros aditivos como senador e a aposentadoria de ex-governador do Paraná. Segundo candidato, há uma banalização da frase "rouba, mas faz". Para ele, a população procura alguém que já tenha posto em prática o que promete no campo do combate à corrupção.

Desde o início da campanha, Alvaro Dias tem falado que convidará o juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato em primeira instância na Justiça em Curitiba, a ser ministro da Justiça. Indagado se utiliza fotos e slogans envolvendo Moro com a autorização do juiz, Dias negou, mas disse que o "mundo presta homenagem a Moro".

O candidato afirmou que a vontade de ter o juiz ao seu lado num eventual governo é sincera e não há oportunismo eleitoral, pois já defendia a Lava Jato antes de se candidatar ao Palácio do Planalto. Em nota, Moro já informou não poder se manifestar sobre a candidatura de Dias.

"Tive inúmeros contatos com ele antes da Lava Jato. Muitas propostas que apresentei no Congresso [Nacional] foram sugestões do juiz Sergio Moro. Por exemplo, habeas corpus para o preso apenas quando ressarcir os cofres públicos dos recursos subtraídos. Eu sempre defendi a Lava Jato e homenageei o Sergio Moro como símbolo de uma nova Justiça. Então não é oportunismo", declarou.

Candidato tem 3% das intenções de voto

Alvaro Dias é historiador e professor. Ele já foi deputado estadual e federal, governador e senador pelo estado do Paraná. De acordo com a pesquisa mais recente do Ibope, divulgada na quarta-feira (5), Alvaro Dias tem 3% das intenções de voto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Dias foi o quarto presidenciável sabatinado por UOL, Folha e SBT. Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) e Guilherme BouloS (PSOL)  foram os primeiros sabatinados, na semana passada. Na ordem, definida por sorteio, os próximos candidatos serão:

  • 11/9 – Geraldo Alckmin (PSDB)
  • 12/9 – Cabo Daciolo (Patriota)*
  • 13/9 – Henrique Meirelles (MDB)
  • 14/9 – Jair Bolsonaro (PSL)*

* Com o ataque contra Bolsonaro, o candidato do PSL não deve participar. Cabo Daciolo deixou de ir ao debate da TV Gazeta sob o argumento de que ficaria em jejum em um monte nos próximos dias.

Foram convidados os candidatos dos partidos com representatividade no Congresso (com ao menos cinco parlamentares), conforme determina a legislação eleitoral (lei n°13.488/17).

Como o PT não indicou o substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa, a sabatina com o presidenciável petista, que estava agendada para 5 de setembro, não aconteceu. A candidatura de Lula foi barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

UOL, Folha e SBT também realizarão um debate entre os candidatos no dia 26 de setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro. Dividido em três blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha. Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os candidatos.

Veja íntegra da sabatina UOL, Folha e SBT com Alvaro Dias

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