Publicitário diz ser autor de montagem de camisa de Bolsonaro com sangue

Gustavo Maia

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/Instragram/Flávio Bolsonaro

    Reprodução de vídeo publicado pelo PSL que convocou apoiadores para ato de apoio a Bolsonaro

    Reprodução de vídeo publicado pelo PSL que convocou apoiadores para ato de apoio a Bolsonaro

Um publicitário brasileiro que mora em Portugal reivindicou a autoria de uma montagem usada em um vídeo da campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) nesse fim de semana, publicado nas redes sociais do partido.

A arte gráfica mostra uma camisa igual à que o candidato vestia quando levou uma facada na última quinta-feira (6), em Juiz de Fora (MG), com um rasgão e marca de sangue incluídos digitalmente no meio da última palavra do slogan "meu partido é o Brasil".

Pedro Henrique Mendes Caetano, 33, disse que não foi procurado para autorizar o uso de sua criação, mas que não se importa que isso aconteça desde que sejam dados "os devidos créditos".

No sábado (8), o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do candidato ao Palácio do Planalto, admitiu que se tratava de uma montagem, mas não disse quem a confeccionou.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do PSL informou que iria verificar a situação, mas não apresentou a resposta até a publicação deste texto.

Eram 6h48 da manhã de sexta-feira (7), no horário de Brasília, quando Pedro publicou a imagem na sua página no Facebook --menos de 15 horas depois do ataque a Bolsonaro.

A reportagem do UOL utilizou ferramentas de rastreamento de imagens publicadas na internet e não encontrou nenhuma antes da publicação do publicitário.

Ele conta que trabalha como freelancer e estava preparando materiais para alguns clientes sobre o dia da Independência do Brasil quando soube da notícia do ataque ao presidenciável. Resolveu então fazer um "desabafo" de cunho "patriótico".

"Eu assisti ao vídeo, vi que o golpe [de faca] atingiu justamente a palavra 'Brasil' e achei interessante. Então decidi fazer alguma coisa para a minha página no Facebook", contou Pedro nesta segunda-feira (10), por telefone.

O publicitário disse que sente "uma certa revolta" ao ver apenas notícias trágicas sobre o país quando assiste ao noticiário português, como a do incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, por exemplo.

"O Brasil está sangrando não só pela violência, está sangrando por tanto discurso de ódio e falta de respeito à opinião alheia. Precisamos resgatar o nosso amor à pátria, nosso bom humor, sabedoria e espírito solidário. Trabalhar com honestidade e caráter para alcançar um futuro melhor. Bom feriado a todos!", escreveu ele na publicação.

O objetivo, segundo Caetano, era despertar em quem visse a imagem "um pouco de consciência para respeitar a decisão de votos e não partir para a violência". A publicação em si não teve grande repercussão. Até a tarde desta segunda, o post havia sido compartilhado apenas 24 vezes e recebido cinco comentários no Facebook.

Arquivo pessoal
O publicitário Pedro Henrique Mendes Caetano, 33, mora em Portugal

Mas nas redes sociais e grupos de WhatsApp de apoiadores de Bolsonaro, a imagem passou a circular intensamente, suprimindo a menção ao "dia da independência" que aparece na parte de baixo da arte gráfica.

Pedro disse ter ficado "meio sem reação" ao perceber que a imagem viralizou e foi usada em um vídeo da campanha. "É incrível como a comunicação espalha de uma forma muito ampla, muito rápida", comentou.

O publicitário declarou ainda que não tem "nenhuma ganância de querer provocar polêmica", mas disse ser muito importante que eles deem o devido crédito. Ele disse atuar com design gráfico e marketing direcionado a empresas.

Em nota de esclarecimento publicada na sua página, Pedro explicou que não criou a arte para "estampar nenhuma campanha política ou promover o nome do candidato", mas que deseja uma "ótima recuperação" a Bolsonaro.

Ao UOL, Caetano se apresentou como apartidário e indeciso sobre em quem ou se vai votar nas eleições desse ano. "De forma geral, eu sou um observador sobre o que acontece na política. Eu não sou aquele cara que fala mal de um candidato ou reforça a de outro. Vejo que o Brasil está muito dividido entre extrema direita e esquerda", declarou.

Nascido em Viçosa (MG), ele foi há três anos acompanhar a mulher em Braga, onde ela faz um doutorado.

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