Após visitar Lula na PF, Haddad diz que democracia está sob ameaça diária

Vinicius Boreki

Colaboração do UOL, em Curitiba

  • Geraldo Bubniak/Estadão Conteúdo

    Haddad deixa a sede da PF em Curitiba (PR) após encontro com Lula

    Haddad deixa a sede da PF em Curitiba (PR) após encontro com Lula

Após visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão na tarde desta segunda-feira (24), em Curitiba, o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, afirmou que a democracia está diariamente sob ameaça no país.

"Nós entendemos que a democracia está sendo ameaçada diariamente com suposições. Uma hora é a urna eletrônica, outra hora é o resultado eleitoral. O mundo está observando o Brasil com muito cuidado, em função desses movimentos exóticos, estranhos à tradição que consolidamos depois da redemocratização", disse.

A afirmação vem na esteira da entrevista concedida pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, em que diz ao jornal "Folha de S.Paulo" que "o batismo das urnas" vai tranquilizar o país e, "qualquer que seja o resultado, será respeitado", inclusive pelos militares.

As declarações de Toffoli, por sua vez, são uma resposta ao candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, e membros de sua campanha, como o general Hamilton Mourão (PRTB), que colocaram em descrédito a apuração das eleições por meio das urnas eletrônicas e a sugestão de que a Constituição Federal fosse alterada por meio de um "grupo de notáveis".

Bolsonaro prepara o que vem sendo chamado de "manifesto à nação", no qual pretende fazer um compromisso em defesa da democracia, responder às críticas de racismo e misoginia, e reiterar ao mercado de que trabalhará pelo ajuste fiscal. O formato ainda está sendo definido - se será um texto ou um vídeo - e a ideia é divulgar a mensagem nas redes sociais.

Essa foi a segunda vez que Haddad visitou Lula na Superintendência da PF, onde o ex-presidente está detido desde abril, desde que foi oficializado como candidato, no último dia 11. Haddad tem acesso livre ao ex-presidente por fazer parte de seu grupo de defesa, o que lhe garante acesso irrestrito à PF, ao contrário de outros parlamentares do PT.

Segundo Haddad, a campanha do PT a partir de agora vai se engajar no fortalecimento da democracia. "Vamos nos associar a movimentos sociais, populares e institucionais, independentemente de que instituição for, para o fortalecimento da democracia", afirmou.

Petista critica entrevista de esfaqueador de Bolsonaro

Haddad estava acompanhado, na saída da PF em Curitiba, do tesoureiro do partido, o advogado Emídio Pereira de Souza, que também voltou a visitar o ex-presidente com equipe de defesa.

Emídio lamentou ter ficado afastado de Lula – assim como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que está impedida de atuar como advogada do ex-presidente –, e criticou o impedimento de Lula de conceder entrevistas a partir de sua cela, comparando a situação do ex-presidente a de Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG).

Oliveira recebeu autorização federal para dar entrevista ao SBT. "Nos causa estranheza que o homicida, o rapaz que deu a facada no candidato, tenha o direito de gravar entrevistas de dentro da prisão, e o presidente Lula tem novamente negado esse direito. O que de importante essa pessoa, presa em flagrante, tem a dizer ao país no processo eleitoral? Lula, com todo esse processo injusto, não pode falar", criticou Souza, sem mencionar o nome de Bolsonaro.

Autocrítica do PT

Ao ser questionado sobre uma eventual autocrítica do partido, Haddad afirmou que as críticas devem partir da oposição e criticou a imprensa por, supostamente, não exigir o mesmo de outros partidos, especialmente do PSDB.

"Nunca vi a imprensa pedir autocrítica do Fernando Henrique Cardoso pelas quatro derrotas do PSDB. Essa pergunta não é feita para o [Geraldo] Alckmin. Pergunta por que eles perderam as quatro eleições, se ele, Alckmin, faria uma autocrítica das quatro eleições que perderam, da sua situação nas pesquisas de opinião", afirmou.

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