Mourão é festejado no RS ao lembrar veto a caravana de Lula, diz empresário

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

  • Suamy Beydoun/Agif/Estadão Conteúdo

    General Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL)

    General Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL)

Em discurso para empresários e produtores rurais em Passo Fundo (RS), o general Hamilton Mourão (PRTB), vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), foi festejado nesta segunda-feira (24) ao lembrar o veto da cidade gaúcha à caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em março deste ano.

Na ocasião, manifestantes contrários ao PT fecharam a principal via de acesso ao município e impediram a realização de um ato do ex-presidente, que, no mês seguinte, seria preso pela Polícia Federal. Lula foi condenado na Lava Jato no processo sobre o tríplex do Guarujá (SP) e, posteriormente, teve a candidatura à Presidência negada pela Justiça eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa. 

O relato é do empresário e presidente da Acisa (Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócio de Passo Fundo), Evandro Silva, que acompanhou o discurso de Mourão nesta segunda, em evento fechado. Segundo ele, a menção ao episódio do veto à caravana "levantou o público".

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"Ele citou o fato de que Passo Fundo foi a única cidade que não permitiu a entrada do Lula. Isso levantou o público. Ele jogou para a galera, pois o público era formado basicamente por agricultores e produtores rurais. Quem trancou todos os acessos à época da caravana do Lula foram realmente os agricultores", contou Silva.

Mourão também fez uma longa explanação, de acordo com o empresário, sobre a crise na Venezuela e disse que, se Bolsonaro for eleito presidente, o Brasil seguirá "caminhos diferentes" em relação ao país vizinho.

"Ele começou pontuando toda a história da Venezuela até chegar nos dias de hoje. Depois explicou que o Brasil, com ele, não terá qualquer relação com o que aconteceu com a Venezuela e que não corre o mesmo risco."

O presidente da Acisa relatou que, em geral, houve grande apoio às palavras de Mourão. Na visão dele, muitos empresários e produtores rurais estavam curiosos acerca do posicionamento do vice de Bolsonaro, sobretudo em relação às reformas estruturantes que são defendidas pela maioria dos candidatos.

"A fala dele agradou. Ele abordou temas que o empresário estava querendo saber se ele iria ou não abordar. Hoje ele tocou na ferida de peito aberto e não se omitiu", elogiou Silva.

Durante o discurso, Mourão fez comentários acerca da carga tributária no país. Segundo ele, é possível reduzir o valor dos impostos e, ao mesmo tempo, aumentar a arrecadação.

"Temos que abaixar os impostos e alargar a base. Todo mundo pagando, ninguém pode deixar de pagar imposto. Mas vamos pagar menos. É o que eu chamo de ganhar mais com menos. Ou seja, o governo vai até arrecadar mais, mas o valor pago por cada um de nós, cada pessoa física e jurídica, será menor do que se gasta hoje."

Em outro momento, o vice de Bolsonaro afirmou que o estado precisa melhorar a qualidade dos serviços prestados e disse que a população quer "autoestradas alemãs, hospitais suíços e escolas americanas". "Não queremos padrões africanos aqui no nosso país. Queremos a melhoria contínua de tudo aquilo que nós temos."

A reportagem do UOL procurou a assessoria de Mourão a fim de obter um posicionamento, porém não houve retorno até o momento.

Enquadrada

Mourão intensificou a agenda desde que Bolsonaro foi esfaqueado, em 6 de setembro --o presidenciável está em fase final de recuperação e deve receber alta na próxima sexta-feira (28). Durante esse período, no entanto, as declarações polêmicas do general criaram mal-estar na campanha do presidenciável do PSL.

A frase mais controversa ocorreu quando o vice de Bolsonaro disse que famílias pobres "sem pai e avô, mas com mãe e avó" são "fábricas de desajustados" que fornecem mão de obra ao narcotráfico.

Em razão do desgaste, Mourão interrompeu a agenda na semana passada e só retomou as atividades de campanha no domingo (23). Também passou a evitar a presença da imprensa. Segundo bastidores da campanha, o vice levou uma "enquadrada" de Bolsonaro em razão da repercussão negativa de suas declarações.

Previsão de alta

Caso não haja nenhum agravamento no estado de saúde do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), os médicos do hospital Albert Einstein, localizado na zona sul de São Paulo, projetam conceder alta na próxima sexta-feira (28), nove dias antes do primeiro turno das eleições. Depois de ser liberado, Bolsonaro deve ir para sua casa no Rio de Janeiro.

"Se Deus quiser, sexta-feira está em casa. Da casa dele vai ser o quartel-general, de onde vai continuar dando suas ordens e bater o martelo sobre as decisões da campanha", disse Flávio Bolsonaro, um de seus filhos, após visitá-lo no hospital.

"Amanhã está previsto tirar o resto dos pontos na barriga", declarou. Questionado se havia a possibilidade de o candidato sair antes de sexta-feira, respondeu: "Ele evolui bem rápido, por ser do Exército, por ter se adaptado bem... Mas a previsão é de sexta-feira em casa, com a família".

Segundo o boletim médico desta segunda-feira, Bolsonaro continua evoluindo bem e apresenta boa aceitação à "dieta leve" determinada pela equipe médica. De acordo com a nota, que não traz previsão de alta, ele permanece "sem dor, sem febre ou sinais de infecção".

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