Bolsonaro diz que vai propor ao Congresso reforma da urna eletrônica

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

  • Reuters

    Jair Bolsonaro usa urna eletrônica ao votar em escola na zona oeste do Rio de Janeiro

    Jair Bolsonaro usa urna eletrônica ao votar em escola na zona oeste do Rio de Janeiro

O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste sábado (13) que, se eleito, vai propor ao Congresso uma reforma na urna eletrônica, pois considera o processo eleitoral suscetível a fraudes.

Segundo ele, a ideia é aproveitar os equipamentos que a Justiça eleitoral já dispõe e aplicar uma tecnologia que permita a comprovação do voto por meio impresso. O objetivo seria garantir a oportunidade de realizar uma auditoria do pleito.

"Você vai mudar a forma... Nós podemos mudar tudo, até a Constituição, né? Não vai ser a urna eletrônica que não vai ser mudada. O Supremo decidiu que o voto impresso não cabe. Tudo bem. Agora uma nova urna eletrônica mesmo, mas com poderes de ser auferida, isso nós vamos propor, sim."

Em junho, o Supremo Tribunal Federal suspendeu a adoção do voto impresso nas eleições.

Bolsonaro conversou com jornalistas na casa do empresário Paulo Marinho, na zona sul carioca, onde foi montado um estúdio de gravação do horário eleitoral para o segundo turno. Pouco antes, o presidenciável concedeu uma entrevista exclusiva à reportagem do UOL, do SBT e da BandNews FM.

Veja a íntegra da entrevista de Bolsonaro ao UOL, SBT e BandNews FM

O pesselista disse que a medida que remodelaria a urna eletrônica deve ser apresentada em 2020, com o intuito de estabelecer um "critério de votação mais confiável". "Você pode continuar com o voto impresso lá dela. Mas a nossa proposta, que tem no papel e depende do Parlamento, é uma forma tranquila de votar. Você aproveita essas urnas, o voto eletrônico, mas você tem rapidamente como comprovar com o voto de papel do lado o resultado das eleições."

Em tom de brincadeira, Bolsonaro também respondeu ao adversário Fernando Haddad (PT), que havia se disponibilizado a debater com o concorrente do PSL "na enfermaria", em referência ao fato de que Bolsonaro se recupera em casa do atentado a faca sofrido em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro.

"Ele diz que eu estou na enfermaria, já que ele não respeita quem sofreu uma violência como eu sofri, a partir de quinta-feira, se ele quiser debater comigo na frente de vocês, a gente debate aí na rua. Sem problema nenhum. Eu converso com Haddad na frente de vocês na rua sem problema nenhum."

Desencontro com Doria foi 'mal entendido'

Bolsonaro minimizou a situação constrangedora pela qual passou ontem (12) o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria. O tucano tentou uma reunião com o presidenciável, que não compareceu alegando estar indisposto. O PSL reafirmou ainda que ficará neutro nas disputas nos estados, à exceção daquelas onde há candidatos do partido.

"De jeito nenhum, foi um mal entendido, né? Eu tenho falado e converso com qualquer um, desde que não seja do PT, do PCdoB e do PSOL. Havendo a oportunidade, conversarei, sim, com o Doria", disse ele.

Bolsonaro mais uma vez agradeceu o apoio espontâneo do tucano e disse que a aversão ao PT é um elemento que os aproxima. "Eu agradeço o apoio que ele manifestou há poucos dias e até uma posição muito dura contra o PT, que vem de encontro àquilo que pregamos também. O Brasil não aguenta outro ciclo de PT."

Em relação à corrida pelo governo de SP, apesar de descartar apoio explícito a Doria, Bolsonaro declarou que "o outro lado recebe o apoio do PT" --em referência à candidatura de Márcio França (PSB). "Não podemos estar ao lado de quem é apoiado pelo PT."

Reunião em Brasília

O presidenciável disse que aguarda apenas a liberação de seu médico, Antônio Macedo, para ir a Brasília conversar com parlamentares que o apoiam. Se receber aval, ele deve viajar à capital federal na semana que vem.

"Eu dependo de uma ligação para o doutor Macedo e ele me liberar para viajar a Brasília. Se ele me liberar, pretendo ir e logicamente eu quero ver e sentir o termômetro da Câmara, né? Se vai haver um quórum razoável. Pretendo conversar com o maior número possível de parlamentares em Brasília."

Questionamento às urnas vem desde antes da eleição

Em setembro, antes mesmo da eleição do primeiro turno, Bolsonaro já vinha questionando o resultado da votação. Em entrevista ao programa de televisão Brasil Urgente, da TV Band, Bolsonaro declarou que não aceitaria um resultado das eleições que não fosse a sua vitória.

"Não posso falar pelos comandantes militares, respeito todos eles. Pelo que vejo nas ruas, não aceito resultado diferente da minha eleição", disse o candidato, que deu a entrevista em seu quarto no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado após sofrer um ataque a faca durante ato de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Ontem, em uma transmissão ao vivo no Facebook, o presidenciável voltou ao assunto. Ele questionou mais uma vez as urnas eletrônicas, mas fez a ressalva de que a "avalanche de votos [no segundo turno] será tão grande que vai ser impossível de fraudar".

No dia da eleição, a ministra Rosa Weber, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou que eventuais acusações de fraudes nas urnas eletrônicas devem ser enfrentadas com "tranquilidade".

Segundo Rosa Weber, o TSE atuará nesses casos apenas se houver representação formal à Justiça.

A ministra fez as afirmações ao ser indagada por jornalistas sobre as declarações de Bolsonaro, que afirmou não ter sido eleito em primeiro turno por causa do sistema eletrônico de votação. Rosa Weber afirmou que declarações desse tipo trazem "preocupação", mas devem ser tratadas com "tranquilidade".

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