Eleições 2018

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Desde que se tornou favorito na disputa pelo governo de Minas Gerais, o candidato do Novo, o empresário Romeu Zema, 53, deixou de ir a debates, recuou sobre propostas apresentadas no início da campanha, se explicou sobre filiação partidária antiga e negou ter pedido apoio para o PT no segundo turno.

O UOL entrou em contato com a assessoria do candidato para comentar essas questões, mas não obteve retorno.

Zema cresceu na reta final da campanha e terminou na liderança do primeiro turno com 42,7%. Segundo o último Ibope sobre o segundo turno, ele tem 67% dos votos válidos, contra 33% de Antônio Anastasia (PSDB).

Ausência nos debates de rádio e TV

Após divulgar vídeos em redes sociais reclamando de sua ausência nos debates de rádio e TV no primeiro turno, o candidato do Novo cancelou a participação nos embates com o adversário neste segundo turno.

Na segunda-feira (22), não compareceu ao debate promovido pelo AMM (Associação Mineira de Municípios).

Ausente novamente no debate do SBT, desta terça-feira (23), Zema foi criticado por Anastasia, que, sem o oponente, teve o tempo total do programa para apresentar suas propostas.

"Talvez ele esteja temeroso [de participar]. Nós mostramos as inconformidades e até mesmo as aberrações do seu programa de governo", alfinetou o adversário. "Zema de novo não tem nada. Ele vem adotando práticas antigas", disse Anastasia.

Nesta quarta-feira (24), o candidato tucano ocupou sozinho novamente o horário do debate promovido pela rádio CBN. Zema não apareceu.

O candidato do Novo disse, em nota. que já havia participado de outros debates no segundo turno e que queria "ampliar o contato direto com os eleitores através de visitas e reuniões". Ele se comprometeu a ir ao debate da Globo nesta quinta-feira (25).

A privatização da Cemig e da Copasa

Desde o primeiro dia de campanha de segundo turno, Zema recua em posições e propostas, que havia apresentado no primeiro turno.

Ele disse que não pretende mais privatizar a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) nem a nem a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), diferentemente do que informou em seu programa de governo no primeiro turno.

"Havia mencionado que nós tínhamos como plano privatizar a Cemig e a Copasa. Mas hoje estas empresas estão mal gerenciadas, com valor muito pequeno de mercado, e nós não vamos vender nada barato", disse. "Lá na frente, podemos até privatizar".

Prender mais ou liberdade condicional?

Ainda durante o primeiro turno, Zema afirmou que iria soltar até 30% da população carcerária de Minas Gerais, mas também depois voltou atrás. "Temos muitos presos provisórios. Talvez 20% ou 30% poderiam estar em liberdade condicional, com tornozeleira", disse no primeiro turno.

Depois, mudou o discurso. "Prender funciona, sim. Com a prisão, a gente incapacita o criminoso violento de fazer mais violência. A gente tira essas pessoas de circulação. É para isso que prendemos", afirmou no segundo turno.

Filiação ao PR

Se apresentando como estreante na política, Zema teve de se explicar essa semana sobre ter sido filiado por 19 anos ao PR. Ele deixou a legenda há seis meses, para filiar-se ao Novo e candidatar-se.

"Fui convidado por um amigo há cerca de 20 anos para me filiar ao partido (PR) à época. Devido a sua insistência, assinei a ficha de filiação, mas nunca participei de qualquer atividade partidária nem, muito menos, fui candidato a nenhum cargo público", disse ao jornal "Folha de S. Paulo" em nota.

Pedido de apoio ao PT

No início da campanha de segundo turno, Zema chegou a dizer que poderia pedir o apoio de Fernando Pimentel, mas depois voltou atrás.

"Não cheguei a pensar nisso (apoio do petista). Está muito prematuro. Mas sou humilde, eu pediria. Peço apoio a todo mundo, ao povo mineiro", disse o candidato, na segunda-feira (8), durante entrevista coletiva após a confirmação de seu nome no segundo turno.

"Se o Pimentel concordar com nossas propostas e quiser apoiar, desde que não haja balcão de negócios, não vamos recusar construir uma Minas Gerais nova", afirmou.

Horas depois, porém, o candidato do Novo divulgou vídeo nas redes sociais afirmando que sua declaração sobre Pimentel era fake news (notícias falsas).

"Voto a gente recebe e agradece. Acordo partidário é tratado pelo diretório, que já deixou claro que não vamos alinhar com partidos de esquerda", disse em vídeo divulgado no mesmo dia.