Bolsonaro e Haddad exploram medo, citam Deus e prometem governo para todos

Do UOL, em São Paulo

  • AFP

No último horário eleitoral gratuito antes do segundo turno, na noite desta sexta-feira (26), os programas de televisão dos candidatos à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) buscaram provocar medo em relação ao adversário, falaram de Deus e prometeram governar "para todos".

Com cinco minutos cada, as duas candidaturas usaram um formato similar nas propagandas, o mesmo que adotaram ao longo de quase toda a campanha do segundo turno na TV: os programas começam sem mostrar os candidatos, com uma locução ou uma apresentadora atacando o respectivo adversário. Só depois entram os candidatos, falando de propostas e pedindo apoio.

A pesquisa Datafolha de quinta-feira (25) apontou Bolsonaro com 56% dos votos válidos, contra 44% para Haddad. O resultado representa uma queda de 6 pontos na vantagem do candidato do PSL sobre o petista.

Bolsonaro cita facada; programa pede "Brasil contra o PT" 

O programa de Bolsonaro começou mais uma vez com uma série de ataques contra o PT e Haddad. Enquanto imagens de políticos do partido eram mostradas, informações sobre os escândalos do mensalão e do petrolão eram narradas por um locutor. Até o assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André (SP), foi citado.

A propaganda do PSL também acusou o PT de ter "inventado" o presidente Michel Temer (MDB) -- que era vice de Dilma Rousseff (PT) -- e buscou atrelar Haddad ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de forma negativa, dizendo que "o Brasil não pode ser comandado de dentro da cadeia". 

Retomando uma linha de ataque frequente na campanha, o programa associou o PT à Venezuela, dizendo que o partido quer fazer "uma nova Constituição igual à da Venezuela de Maduro e Chávez". Haddad já negou publicamente que um eventual governo petista fará uma assembleia constituinte.

O trecho de ataques terminou falando em uma luta do "Brasil contra o PT", e só então Bolsonaro apareceu. O candidato falou da facada que levou em Juiz de Fora (MG) há quase dois meses, e disse que é "um milagre" estar vivo. "A mão de Deus se fez presente", afirmou. Bolsonaro falou sobre enfrentar "políticos poderosos", citou uma passagem bíblica, se disse "pronto para a missão" de ser presidente e prometeu fazer "um governo para todos".

No encerramento, uma apresentadora fez uma espécie de introdução ao programa petista, dizendo que viriam em seguida "os últimos cinco minutos de mentiras do PT".

Haddad fala em ser "presidente do diálogo"

Assim como o programa de Bolsonaro, o de Haddad começou com ataques ao adversário. Uma apresentadora abriu os cinco minutos petistas lembrando que haveria debate hoje, "mas Bolsonaro fugiu" e dizendo que o candidato do PSL "se esconde para não ter que assumir suas ideias doentias e desequilibradas". O PT também investiu mais uma vez na associação de Bolsonaro com Temer, citando o voto do candidato a favor da reforma trabalhista.

Em seguida, o tom foi de desconstrução do adversário, apresentando ataques seguidos de vídeos de declarações polêmicas dadas por Bolsonaro ao longo da vida pública. 

Assim, o vídeo de Bolsonaro dizendo que usava auxílio-moradia para "comer gente" foi usado para acusá-lo de representar a "velha política". Também foram exibidos vídeos antigos do candidato falando que pobres só serviriam para votar; com declarações a favor da tortura na ditadura militar (1964-1985); e com elogios ao coronel Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador. Depoimentos de vítimas de Ustra também foram mostrados.

Ao fim deste trecho, Haddad assumiu a condução da propaganda. Em tom de conversa, o candidato diz saber que o eleitor "acorda cedo todo dia", "quer ver mudança" e quer ter "comida na mesa, salário justo (...) segurança e paz para seus filhos". Sob imagens do ex-presidente Lula, Haddad afirma que "há pouco tempo nós fizemos um país assim".

"Não tenho medo de encarar o debate com a sociedade", declarou Haddad, afirmando que governará "para todos" e será "o presidente do diálogo, que constrói pontes e garante a paz".

Antes de encerrar o programa, o candidato petista ainda fez um agradecimento a Deus e a sua família, convocando a reconstrução do Brasil "pelo caminho da paz, da inclusão social e da democracia".

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