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A política só tem porta de entrada, diz Sarney em entrevista à TV

Do UOL Notícias

Em São Paulo

10/01/2011 22h37

"A política só tem uma porta, a porta da entrada, não tem a porta da saída", foi como resumiu os anos no poder o ex-presidente do país e atual presidente do Senado, José Sarney em entrevista a GlonoNews, na série "Profissão: ex-presidente", veiculada na noite desta segunda-feira (10).

Em 1979, após o fim do bipartidarismo, Sarney participou da fundação do PDS (Partido Democrático Social). Deixou o partido em 1984, por ser contrário à escolha de Paulo Maluf para disputar a eleição indireta à Presidência da República. Ingressou no PMDB, seu atual partido, e foi indicado como vice-presidente na chapa de Tancredo Neves, pela Frente Liberal. Em virtude do falecimento de Tancredo, assumiu a presidência no dia 15 de abril de 1985.

Questionado sobre qual foi o pior momento em seus anos como mandatário, Sarney disse que o Plano Cruzado 2 foi o maior arrependimento. "A pior lembrança que tenho do governo foi um erro muito grande que cometi, foi o Cruzado 2, era uma coisa errada e que os economistas me levaram a fazer. Realmente é uma data que não esqueço jamais, é um erro que paguei caríssimo, até hoje me dói quando penso", afirmou.

Já sobre o melhor momento, o ex-presidente respondeu que foi no dia em que deixou o governo, quando desceu a rampa, acenou com um lenço e foi aplaudido pelo povo que estava do lado de fora. "Agradeci por poder deixar o poder com um país gozando de uma liberdade que nunca gozou", completou.

Sarney explicou que o dia seguinte depois do poder foi de uma extrema sensação de felicidade. O peemedebista afirmou que assumiu a Presidência da República sem plano algum de governo. "Entrava em um absoluto terreno suicida", disse. "Estava condenado a ser mais um presidente a ser deposto de Brasília, por isso minha primeiro preocupação foi a de legitimar o presidente".

Pós-presidência

"A gente faz um planejamento, o instinto não obedece, eu saí do governo certo de que iria abandonar a política e me dedicar a literatura, ia ter uma vida diferente da que tinha levado até então. Cheguei no Maranhão e houve uma ruptura entre o governador e o nosso partido, e fui obrigado a voltar a política por causa disso", finalizou.

A emissora vai veicular entrevistas com todos os presidentes da República de redemocratização esta semana, sendo o primeiro Sarney, seguido de Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

O senador, eleito pelo Amapá em 2010, fica na presidência do Senado até o dia 1º de fevereiro de 2011, quando será eleito o próximo presidente pela nova bancada eleita.