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Agnelo chama acusação de ligação com Cachoeira de "tentativa desesperada" de incluir PT no escândalo

O governador do DF, Agnelo Queiroz - Sergio Lima/Folhapress
O governador do DF, Agnelo Queiroz Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

11/04/2012 20h48Atualizada em 11/04/2012 21h25

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, negou nesta quarta-feira (11) que tenha qualquer envolvimento com os negócios irregulares do bicheiro Carlinhos Cachoeira e classifica que a denúncia de ligação entre os dois é uma “tentativa desesperada de arrastar” o partido dele, o PT, para o escândalo –que deve render em CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso.  

“Esta é uma fantasia, mais uma mentira descabida. Meu nome não aparece de forma alguma, não é citado em momento algum, nesses trechos que estão vindo a público. Dizer que esse tal 01 sou eu é tão insustentável quanto dizer que o 01 é o papa”, afirmou mais cedo o governador em entrevista durante visita a obras do governo dele.
 
De acordo com o porta-voz do governo do DF, Ugo Braga, Queiroz é favorável à criação da CPI para que haja uma investigação para que se possa “passar a história a limpo”.

Segundo reportagem publicada nesta tarde pelo jornal "O Estado de São Paulo", o inquérito da operação indica que Agnelo teria tentado uma reunião com o contraventor, apontado como o chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás e no DF, tendo, como pano de fundo, pagamentos do governo do DF a empresas do esquema comandado pelo bicheiro.

Conforme o jornal, a PF gravou um telefonema feito em 16 de junho de 2011 no qual o sargento Idalberto Matias, o Dadá, aliado do contraventor, avisa a ele ter sido procurado por João Carlos Feitosa Zunga, ex-subsecretário de Esportes e funcionário do governo do DF, informando que o "01" queria falar com ele.

A PF aponta que "01" era a forma como os aliados de Cachoeira se referiam a Agnelo. "O Zunga me ligou aqui, está querendo falar com você, porque o chefe dele lá, o 01, está querendo...quer falar com você", afirma Dadá. "Vou falar com ele", responde Cachoeira. Segundo o “Estado”, já nas transcrições do relatório da PF o "01" é identificado como "governador".
 
Além do PT de Queiroz, integrantes de outros partidos já foram mencionados direta ou indiretamente em conversas vazadas da Polícia Federal sobre os negócios da quadrilha de Cachoeira. São eles o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o DEM --sigla a que pertencia o senador Demóstenes Torres--, o PP do deputado federal Sandes Júnior (GO), o PPS de Stepan Nercessian (RJ) e o PCdoB, de Protógenes Queiroz (SP), e ainda o deputado petista Rubens Otoni (GO).

Desde o início das denúncias, duas pessoas já saíram do governo do DF: o chefe de gabinete da governadoria Cláudio Monteiro --que pediu ontem à noite para ser exonerado-- e o policial civil Marcello de Oliveira Lopes, conhecido como Marcellão --exonerado na segunda-feira (2) do cargo de confiança que ocupava.

Nas conversas que citam Cláudio Monteiro, duas pessoas discutem o pagamento de uma mesada de R$ 5.000 mais o pagamento de R$ 20 mil para ter benefícios em contratos no setor de limpeza pública.  
 
Cláudio Monteiro nega e disse em nota que irá abrir mão dos sigilos bancário, fiscal e telefônico, em petição junto à procuradoria-geral da República. Ele também informa que irá mover um “processo penal e cível contra os senhores Cláudio Abreu, ex-diretor regional da Delta Construções, e Idalberto Matias, ex-funcionário da Delta Construções, bem como interpelá-los judicialmente para que confirmem em juízo aquilo que disseram em conversa telefônica gravada pela Polícia Federal”.