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Votos do PSDB livraram Sergio Cabral de convocação para CPI do Cachoeira

Maurício Savarese

Do UOL, em Brasília

30/05/2012 15h52Atualizada em 30/05/2012 16h14

Três dos cinco membros do PSDB na CPI mista (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do bicheiro Carlinhos Cachoeira votaram nesta quarta-feira (30) contra a convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para falar sobre suas relações com a construtora Delta, uma empresa que teria o contraventor como sócio oculto. Petistas na comissão apontaram um acordo entre peemedebistas e tucanos.

Votaram a favor de Cabral o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), bastante ligado ao governador paulista Geraldo Alckmin, e o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), próximo do governador mineiro Antonio Anastasia e do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Caso os três membros do PSDB tivessem votado a favor da convocação de Cabral, o placar ficaria em 14 a 14. Caberia ao presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), definir a questão. Para não se comprometer, o peemedebista poderia acabar chamando o correligionário a depor.

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), afirmou que PMDB e PSDB "fizeram um acordo claro" para livrar Cabral, embora os representantes de seu partido tivessem também votado a favor da liberação do governador do Rio, por 17 votos a 11. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), no entanto, acabou chamado a falar à comissão por 15 votos a 13. O goiano Marconi Perillo (PSDB) foi convocado por unanimidade.

O líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), negou qualquer acerto. "Cabral não foi chamado por um motivo apenas: não teve seu nome diretamente ligado a Cachoeira. Se isso acontecer no futuro, vamos pedir que ele venha", disse. O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), evitou falar em acordo, mas insistiu que "mesmo aqueles que não foram chamados desta vez podem ser chamados no futuro".

O governador do Rio é amigo de Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, suspeita de participar do esquema do bicheiro. Várias obras de sua gestão são tocadas pela empresa. O executivo tem uma forte relação pessoal com Cabral, a quem já acompanhou em viagens ao exterior e ao redor do Brasil, conforme mostraram imagens divulgadas pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ)

O delegado Matheus Rodrigues, da Polícia Federal, afirmou que Perillo pode ter vendido uma casa no valor de R$ 1,4 milhão não ao dono de uma faculdade, como o próprio tucano chegou a alegar, mas, sim, a Cachoeira.

De acordo com as investigações da operação Monte Carlo, chefiada por Rodrigues, três cheques, sendo um de R$ 600 mil e outros dois de R$ 400 mil, foram entregues no Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano. Escutas da PF também indicam que Cachoeira tentou se aproximar de membros do governo de Agnelo Queiroz.