Supremo ouve defesa do deputado Valdemar Costa Neto e intermediários de recursos para partidos no mensalão
No sétimo dia de julgamento do mensalão, os ministros do Supremo Tribunal Federal ouvirão nesta sexta-feira (10) a defesa de mais um parlamentar acusado de ter recebido recursos em troca de apoio ao governo federal, o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP). Defensores de outras quatro pessoas indicadas como intermediadoras dos recursos do PT para o PP e PL (atual PR) também farão suas sustentações orais. Até a noite de quinta-feira, 20 dos 38 réus já haviam apresentado suas defesas ao STF.
O julgamento do mensalão no STF
$escape.getHash()uolbr_tagAlbumEmbed('tagalbum','12604+AND+60607', '')Em seu sexto mandato como deputado federal, Costa Neto, um dos três réus que é deputado federal atualmente, era presidente do antigo PL e é acusado pelo Ministério Público pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o MP, o parlamentar teria recebido R$ 8,8 milhões para votar a favor de matérias do interesse do governo federal.
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Para evitar a cassação, ele renunciou ao cargo de deputado federal em 2005, mas foi eleito e reeleito nas duas eleições seguintes e seu mandato atual termina em 2015. Ele também ocupa hoje o cargo de secretário geral do PR.
A defesa do parlamentar deve seguir a linha de que a integração à base aliada governista dispensaria a compra de apoio e que os recursos do PT seriam para o pagamento de uma negociação pré-eleitoral.
Além de Costa Neto, expõem nesta sexta suas defesas os representantes de Breno Fischberg (ex-doleiro, sócio da corretora Bônus-Banval), Carlos Alberto Quaglia (doleiro e ex-dono da empresa Natimar), Jacinto Lamas (ex-tesoureiro do PL ) e Antônio Lamas (ex-assessor da liderança do PL na Câmara).
“Mensageiros” do PL
O ex-tesoureiro do PL (atual PR), Jacinto Lamas é acusado de organizar e intermediar o esquema de entrega de recursos do PT até PL, a mando de Costa Neto. Pesam sobre ele as acusações de crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Também é acusado de operar o contrato da Guaranhuns com a SMP&B, do publicitário Marcos Valério, supostamente para esconder a origem do dinheiro.
O irmão de Jacinto, Antonio Lamas, era assessor da liderança do PL na Câmara dos Deputados e é acusado de sacar R$ 350 mil do esquema para o irmão, que era tesoureiro da legenda à época.
Há a expectativa de que a defesa dos irmãos Lamas siga a mesma estratégia utilizada nesta quinta-feira (9) pela defesa João Cláudio Genú, assessor do deputado federal morto, José Janene (PP), que agiu como um intermediário para captação de recursos do PT para o PP.
A defesa de Antonio deve argumentar que ele fez um único saque ao partido e que não tinha ciência de que cometia qualquer ilegalidade, já que cumpria ordens do presidente da legenda.
Apesar de ter sido acusado dos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, o procurador-geral pediu ao STF a absolvição de Antonio Lamas por falta de provas. Ainda assim, ele pode ser condenado pela Suprema Corte.
Empresas intermediadoras
Por dentro do mensalão
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Crimes cometidos | O julgamento |
Sócio junto com Enivaldo Quadrado na corretora Bônus Banval, Breno Fischberg é acusado pelo Ministério Público de lavar dinheiro de Marcos Valério e repassá-lo a integrantes do PP. Fischberg é acusado pelos crimes formação de quadrilha e lavagem de dinheiro; assim como seu sócio que apresentou sua defesa ontem (9).
Da mesma forma que Quadrado, a defesa Fischberg deve trabalhar com a tese de que a corretora não tinha nenhuma relação com José Janene (PP), deputado federal (morto em 2010), fazia operações legais e que não tinha vantagem em participar da operações ilegais. Depois do escândalo, a corretora fechou.
De acordo com a Procuradoria, além da Bônus Banval, a empresa Natimar agia de forma semelhante: lavava dinheiro para beneficiar integrantes do PP. Pelo fato, o proprietário da empresa, Carlos Alberto Quaglia, também é acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
A defesa de Quaglia diz que a Natimar era apenas uma cliente da Bônus Banval e nega ter participado de negociações.
Cada um dos advogados terá 1 hora para apresentar a defesa de seus clientes.
Julgamento na quinta-feira
No sexto dia de julgamento do mensalão, os advogados de acusados ligados ao Partido Progressista (PP) procuraram minimizar o papel de seus clientes no esquema e citaram por diversas vezes o ex-presidente da sigla José Janene, que também era réu no processo, mas morreu em 2010. No total, 20 dos 38 réus do mensalão já foram defendidos. O julgamento será retomado nesta sexta-feira (10) com as alegações dos defensores de mais cinco acusados.
O defensor Maurício Maranhão, advogado de João Cláudio Genú, ex-assessor parlamentar de Janene, sustentou a tese de que seu cliente era um mero mensageiro dentro partido e atuava a mando de parlamentares suspeitos de envolvimento no mensalão, entre eles o próprio ex-presidente.
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“Ficou provado nos autos que ele era um mero assessor e atuou na condição de mensageiro do PP nas idas ao Banco Rural”, disse. “O defendente não passa de um grão de sal”, afirmou o defensor.
Já o advogado Marcelo Leal de Lima Oliveira, defensor do ex-deputado Pedro Corrêa, que assumiu a presidência do PP no lugar de Janene, afirmou que não há nada na denúncia que incrimine o seu cliente.
“A acusação disse que Janene foi responsável pela apresentação de Marcos Valério a personagens do PP. Nenhuma linha de Pedro Corrêa", afirmou. Ele argumenta que Corrêa é acusado somente por ter assumido a presidência da legenda.
Além de Corrêa e Genú, também foram defendidos os réus Enivaldo Quadrado (doleiro), Pedro Henry (deputado federal) e Henrique Pizzolato (ex-diretor do Banco do Brasil, filiado ao PT).
Entenda o dia a dia do julgamento
Entenda o mensalão
O caso do mensalão, denunciado em 2005, foi o maior escândalo do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O processo tem 38 réus, incluindo membros da alta cúpula do PT, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). No total, são acusados 14 políticos, entre ex-ministros, dirigentes de partido e antigos e atuais deputados federais.
O grupo é acusado de ter mantido um suposto esquema de desvio de verba pública e pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo Lula. O esquema seria operado pelo empresário Marcos Valério, que tinha contratos de publicidade com o governo federal e usaria suas empresas para desviar recursos dos cofres públicos. Segundo a Procuradoria, o Banco Rural alimentou o esquema com empréstimos fraudulentos.
O tribunal vai analisar acusações relacionadas a sete crimes diferentes: formação de quadrilha, lavagem ou ocultação de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta.
*Colaboraram Fernanda Calgaro, em Brasília, e Guilherme Balza, em São Paulo
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