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Para Greenwald, Petrobras foi espionada pelos EUA por "razão econômica"

Fabiana Maranhão

Do UOL, no RIo

14/10/2013 15h17Atualizada em 14/10/2013 15h21

O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, colunista do jornal inglês "The Guardian", afirmou nesta segunda-feira (14) acreditar que a Petrobras foi alvo de espionagem por parte dos Estados Unidos por motivo econômico. Ele participou, na tarde de hoje, da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, na PUC (Pontifícia Universidade Católica), na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro.

Em julho deste ano, o colunista revelou um esquema global de espionagem telefônica e eletrônica, tendo como base documentos ultrassecretos repassados a ele pelo ex-técnico em informática da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos Edward Snowden, exilado na Rússia desde agosto.

"Os Estados Unidos nunca ofereceram explicação sobre porque teriam como alvo uma empresa como a Petrobras. Não acho que tenha pedófilos ou terroristas na Petrobras. Pode até ter, mas os EUA não estão espionando por isso. Se não for por razão econômica, por qual seria?", questionou Greenwald.

Para uma plateia de centenas de estudantes e profissionais de jornalismo do Brasil e de outros países, o jornalista defendeu o ex-técnico da NSA.

"O que Edward Snowden fez foi um ato de heroísmo. Não acho que ele deva ser preso", disse o colunista, que revelou falar quase todos os dias com o ex-técnico. Snowden está exilado na Rússia desde agosto, depois que documentos ultrassecretos repassados por ele a Greenwald foram divulgados.

Questionado sobre o porquê de Snowden ter escolhido a Rússia para se exilar, o jornalista disse que nenhum outro país se dispôs de fato a conceder asilo ao ex-técnico. "Venezuela, Bolívia e Nicarágua queriam oferecer asilo de forma simbólica, mas não de forma séria. A Venezuela podia ter mandado um jato [para buscá-lo na China], mas não o fez", criticou.

Sobre a oferta de asilo do Equador, Greenwald classificou como "show doméstico". "O presidente do Equador [Rafael Correa] gosta da atenção da mídia e por isso ofereceu o asilo. Para Snowden, ele nunca foi sério, foi um show doméstico", relatou. "A Rússia foi a única que ofereceu de fato. [O país] é o único lugar que pode impedir que ele vá para a prisão."

O colunista afirmou que todos os documentos que estão em suas mãos, de Snowden e de "várias pessoas no mundo" serão tornados públicos. "Não há como parar. Vamos publicar até o último documento". Segundo ele, mais quatro ou cinco histórias estão prontas para serem publicadas e envolvem a Espanha e a França.

Durante a CPI da Espionagem, ele disse estar "trabalhando com outros jornalistas, peritos, com a TV Globo, são muitos documentos e leva um tempo para entender", disse ele, ao justificar que está fazendo as reportagens conforme vai descobrindo "algo importante". Ele também já havia reiterado as críticas sobre o asilo a Snowden: "Muitos países disseram 'obrigado' [a Snowden], mas não estão protegendo a pessoa que denunciou."