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Após fim de sessão, parlamentares protestam na Câmara pela revisão da Lei da Anistia

Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) participa de sessão solene realizada nesta terça-feira (1º) na Câmara - Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) participa de sessão solene realizada nesta terça-feira (1º) na Câmara Imagem: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

01/04/2014 13h45Atualizada em 01/04/2014 14h13

Após o brusco encerramento da sessão da Câmara que relembrava os 50 anos do golpe, deputados do PSB, do PSOL e do PT e os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Eduardo Suplicy (PT-SP) fizeram um protesto pedindo a revisão da Lei da Anistia nesta terça-feira (1º). Eles pedem a alteração da lei que anistiou membros do regime militar que cometeram violações aos direitos humanos, como os torturadores.

Manifestantes e parlamentares mostraram cartazes com os dizeres "A voz que louva a ditadura calou a voz da democracia", com fotos de desaparecidos políticos.
O protesto provocou confusão no encerramento da sessão solene destinada a lembrar os 50 anos do golpe civil e militar de 1964.

“O requerimento que apresentamos para lembrar os 50 anos do golpe de forma alguma pretendia valorizar a ditadura. O que queremos é completar o processo de redemocratização, que só será possível quando a Lei da Anistia for revista”, defendeu a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP).

Para o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), os militares precisam pedir desculpas ao povo brasileiro pelos crimes cometidos pela ditadura. “Os oficiais novos que não sujaram a farda de sangue não precisam levar a culpa de seus antecessores”, diz.

Também participou do protesto o neto do presidente deposto João Goulart, Christopher Goulart. “O país de uma forma geral deve ser inundado de consciência esclarecida neste cinquentenário do golpe civil e militar de forma a fazer justiça com as reformas de base que o presidente João Goulart quis implantar neste país”, disse.

Os parlamentares também protestam contra o encerramento da sessão solene antes de sua conclusão.

“O [deputado Jair] Bolsonaro (PP-RJ) não discursou porque não quis e porque o presidente da sessão não quis. Que isso fique bem claro”, afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

Erundina também lamentou o encerramento antecipado da sessão. “A Casa foi leniente e omissa ao permitir que esse elemento [Bolsonaro] fizesse um discurso a favor da ditadura”, defendeu Erundina.

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Confusão em plenário

A sessão solene foi encerrada após confusão no plenário da Câmara. Uma faixa que dizia "Parabéns aos militares. Graças a vocês o Brasil não é Cuba!" foi estendida por militantes na galeria do plenário. Segundo a segurança da Câmara, a faixa foi trazida pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).

Pessoas contrárias e a favor ao golpe entraram em conflito. Houve gritaria e empurra-empurra.

Uma mulher que defende os militares caiu no chão do plenário, mas aparentemente passa bem. Ela se recusou a deixar a sessão.