Prédio evacuado em Praia Grande segue interditado: 'Medo de voltar'

A interdição do edifício Giovannina Sarane Galavoti, em Praia Grande, completou três meses sem que os moradores pudessem retornar para os apartamentos. O prédio foi interditado após a estrutura apresentar graves problemas.

O que aconteceu

Moradores do edifício relataram à época rachaduras nas paredes, tremores no piso e sensação de insegurança no local. Em 13 de fevereiro de 2024, a Defesa Civil de Praia Grande, após vistoria técnica, interditou o edifício por risco de desabamento e as cerca de 250 pessoas residentes tiveram que deixar o local.

A dona de casa Hellen Ribeiro, 29, não estava no apartamento no momento em que se ouviu um grande estrondo, quando três pilares de sustentação do edifício sofreram uma ruptura. Mas seu marido e o filho estavam. Em depoimento ao UOL, ela se lembra da agonia vivida naquele dia.

Foi um susto enorme. Eu tinha acabado de sair, mas os dois ficaram no apartamento. Graças a Deus não foi nada mais grave.
Hellen Ribeiro

Sem ter onde morar, a família ficou hospedada por um tempo em uma colônia de férias da cidade. "Mas logo a construtora nos ofereceu ajuda para alugarmos um apartamento, que é onde estamos morando hoje".

Queremos voltar logo. Estamos nos virando bem, a construtora está nos dando suporte, mas a expectativa é voltar logo e com segurança. Temos certeza que isso vai acontecer. Foi um susto enorme para todo mundo, mas agradecemos por ninguém ter se machucado.
Hellen Ribeiro

Outra moradora, que pediu para não ser identificada, afirma não conseguir relaxar desde o dia em que ouviu o estrondo e sentiu o prédio tremer. Ela afirma que ainda está muito abalada emocionalmente e que nada poderá apagar o drama vivido pela família de fevereiro até hoje.

Eu já falei para o meu marido que tenho medo de voltar para lá. Quando a gente comprou, nunca imaginou que o prédio daria esse problema. Isso colocou medo na gente. Ainda tenho pesadelos. Tivemos que sair às pressas, eu deixei quase todas as minhas roupas, moramos de favor. Acho que depois que isso tudo passar, vamos vender e procurar outro lugar.

O síndico do edifício, Marco Ávila, foi procurado, mas não retornou as mensagens. A JR Construtora, responsável pelo empreendimento, também foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos.

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Obras iniciadas

As obras de recuperação do edifício foram iniciadas. O engenheiro de estruturas e professor da Unisanta, Hildebrando Pereira dos Santos Junior, é o responsável pelas obras de reparos no edifício. Ele disse ao UOL que o reforço emergencial das pilastras já foi executado, mas encontrou outros pontos que requerem reforço estrutural.

Esses pontos estão sendo liberados aos poucos, após análise minuciosa. No momento, está sendo realizada uma avaliação técnica necessária após a ocorrência de manifestações patológicas, ou seja, o incidente em si (ruptura do pilar). O reforço emergencial foi executado para controlar o dano no restante da estrutura. Hildebrando Santos Junior

Por essa razão, explica o engenheiro, ainda não há um prazo para o término da intervenção e, consequentemente, para o retorno dos moradores ao edifício.

A Secretaria de Urbanismo (Seurb) e a Defesa Civil da Prefeitura de Praia Grande seguem monitorando o edifício e todas as etapas dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos no local. Recentemente, moradores puderam retornar aos apartamentos, de forma monitorada, para retirar pertences pessoais.

Segundo a prefeitura da cidade, a maioria das famílias residentes no edifício está hospedada em casas de parentes. Cada família decidiu organizar sua própria logística para lidar com o período de interdição total do edifício. "A construtora está prestando apoio aos moradores disponibilizando acomodações em um hotel para quem necessita de abrigo", afirma o executivo municipal, em nota.

O edifício conta com 23 pavimentos, além do subsolo. São 133 apartamentos distribuídos em 19 andares de moradias. Deste total, 80 são moradias fixas; os demais são imóveis de veraneio.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do que mencionava o texto anterior, 250 pessoas tiveram que deixar o local, e não 250 famílias.

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