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Gestão da Sabesp foi irresponsável, diz Padilha

Fabiana Maranhão

Do UOL, em São Paulo

06/05/2014 12h49Atualizada em 13/05/2014 13h04

O ex-ministro da Saúde e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, classificou como "irresponsável" a gestão da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) na atual crise de abastecimento de água vivida pelo Estado.

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"A gestão da Sabesp foi irresponsável em todos os aspectos", declarou, referindo-se à questão da água, ao investimento no patrimônio da empresa e à relação com acionistas. "Faltou sinceridade e transparência por parte do governo do Estado", completou.

O petista participou de sabatina realizada na manhã desta terça-feira (6) pelo UOL em parceria com a Folha, o SBT e a rádio Jovem Pan.

Padilha disse que o governo estadual não fez os investimentos necessários em abastecimento de água."Só a Sabesp lucrou R$ 2 bilhões. Se tivesse investido em obras que precisavam ser feitas, não estaríamos nessa situação de crise", falou.

Questionado se estaria explorando politicamente e indevidamente a situação da água no Estado, ele disse: "Falta de ética é cortar a água de Campinas, cortar a água de Guarulhos, cortar a água de bairros de Osasco, da capital de São Paulo e falar que não está racionando".

Perguntado se implantaria um racionamento de água no Estado, ele não respondeu e declarou que já há corte de água no Estado de São Paulo. 

Pela primeira vez em sua história, o nível de armazenamento de água do Sistema Cantareira, principal fonte de abastecimento da região metropolitana da capital paulista, caiu para menos de 10%, atingindo 9,8% nesta terça-feira.

A Sabesp enviou nota lamentando "o total desconhecimento em relação à empresa e ao sistema de saneamento do Estado de São Paulo". "Só isso pode explicar as irresponsáveis afirmações de que houve corte no fornecimento de água e falta de investimentos. O fato é que a Sabesp vem garantindo a segurança no abastecimento de água à população, mesmo durante a maior crise hídrica dos últimos 84 anos. E tem feito isso sem restringir o consumo de água em nenhum dos 365 municípios atendidos pela companhia."

A empresa ressaltou investimentos da ordem de R$ 9,3 bilhões entre 1995 e 2013, que permitiram elevar a integração do sistema de abastecimento e o volume de água disponível. Segundo a Sabesp, nesse período, a capacidade de produção subiu de 57.600 litros por segundo para 73.200 litros por segundo. "Esse aumento na oferta de água é suficiente para abastecer 5,5 milhões de pessoas – ou seja, a população somada de Salvador e Fortaleza. O esforço eliminou o rodízio que vigorou de 1995 a 1998 e atendeu ao crescimento populacional."

Finaliza a nota: "Neste momento, o principal investimento é a construção de um novo sistema produtor de água, uma nova fonte para abastecer a população. É o Sistema São Lourenço, um investimento de R$ 2,2 bilhões que está sendo feito via PPP (Parceria Público-Privada). A água será captada na represa Cachoeira do França, na região de Ibiúna. Serão 4.700 litros a cada segundo, beneficiando 1,5 milhão de pessoas de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. A obra está prevista para ser concluída em 2017". 

Padilha quer tirar aliados de Alckmin e atrair partidos de Maluf e Costa Neto

O ex-ministro afirmou que quer tirar partidos da base do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição, e se aliar a siglas das quais fazem parte Paulo Maluf (PP) e Valdemar Costa Neto (PR).

"Vamos tirar os partidos da base do Alckmin", disse. "Quero aliança com PP, PR, todos os partidos que apoiam a presidente Dilma [Rousseff]", falou. 

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Questionado sobre o fato de Maluf fazer parte do PP e Costa Neto, do PR, ele declarou: "Eu não 'fulanizo' a política. Vamos buscar os partidos que apoiam a presidente Dilma. Vamos construir uma candidatura mais ampla que o PT já teve no Estado de São Paulo".

O ex-deputado Costa Neto foi condenado no julgamento do mensalão. Maluf foi considerado culpado pelo superfaturamento de obras durante sua gestão na capital paulista. Além disso, ele é procurado pela Interpol por fraude e roubo.

Presídios são "gabinetes de reunião" do PCC, diz petista

O ex-ministro respondeu perguntas sobre a segurança pública no Estado. “Precisamos ampliar a presença da polícia nas ruas”, afirmou Padilha. Segundo o petista, é preciso tirar policiais de funções administrativas e colocá-los nas ruas.

Sobre o PCC (Primeiro Comando da Capital), ele declarou que as penitenciárias de São Paulo se tornaram "escritório administrativo, gabinete de reunião" da facção criminosa.

"Nós temos de ter coragem de enfrentar o PCC e isso só é possível se tiver cooperação com o governo federal", disse.

Em abril, internautas do UOL que moram em São Paulo escolheram a segurança pública como tema que eles desejam que melhore em suas vidas, na enquete online "Esperançômetro".

"Bateu na porta errada", fala Padilha sobre Alberto Youseff

Padilha comentou ainda sobre a tentativa do doleiro Alberto Youseff, preso durante a Operação Lava Jato da Polícia Federal, de fazer contrato com o Ministério da Saúde, durante a gestão do petista.

"As portarias que criei no Ministério da Saúde foram justamente para criar filtros para impedir esse tipo de contrato", declarou. "Não andou [a investida]. Se alguém achava que ia andar, bateu na porta errada", completou. 

No mês passado, o nome de Alexandre Padilha apareceu em um relatório da operação, que investiga esquema de lavagem de dinheiro. Padilha foi citado pelo deputado federal André Vargas (sem partido-PR) em conversa via SMS com o doleiro Alberto Yousseff.

Padilha nega ter indicado o servidor. André Vargas também negou que Padilha tenha feito qualquer tipo de indicação e disse que a mensagem de texto enviada a Youssef foi mal interpretada.