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Dilma diz que aeroportos não são para Copa, mas para todos os "que não prestam"

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

23/05/2014 13h52Atualizada em 23/05/2014 17h09

Em evento com entidades da sociedade civil, a presidente Dilma Rousseff rebateu nesta sexta-feira (23) as críticas sobre os atrasos das obras para a Copa do Mundo e disse que a ampliação dos aeroportos no país é para atender a população e não aos jogos do mundial.

“Não estamos fazendo aeroporto para a Copa, porque tínhamos 33 milhões de passageiros em 2002, virando para 2003, e hoje temos 112 milhões de passageiros. É para eles que estamos fazendo aeroporto”, continuou a petista.

Ela aproveitou para enaltecer resultados das políticas sociais do seu governo. “Estão no aeroporto todos aqueles que não prestam, que não prestam para ser excluídos do aeroporto”, afirmou Dilma ao se referir aos excluídos da sociedade.

E continuou: “Hoje eu lembro da época em que o aeroporto era uma coisa dos privilegiados, (..) a gente ia bem bonito, ia de salto alto, era considerado dia de festa. Hoje, não. Todo mundo tem acesso a aeroporto. E tem muita gente que pode ficar incomodada com isso”.

A petista fazia uma alusão irônica a um comentário do deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS) de que o governo petista se preocupava com "quilombolas, índios, gays e lésbicas", ou seja, “tudo o que não presta”.

O episódio, que é do ano passado e veio a público em fevereiro deste ano, havia sido lembrado em discurso do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) feito pouco antes no evento.

“Não faz muito tempo, uma autoridade disse que seu governo tinha um problema: alinhava tudo que não presta?”, indagou Carvalho, dirigindo-se a Dilma. “Tudo o que não presta está aqui representado, eles representam um segmento enorme da sociedade brasileira que não presta para ignorar o sofrimento alheio”, disse Carvalho dirigindo-se à plateia formada por representantes de ONGs e gestores públicos.

Dilma comparou ainda a situação da Copa com a área social do seu governo, que, segundo ela, “mais do que cumpriu as metas” ao tirar 22 milhões de pessoas da pobreza.

“A Copa é a mesma coisa. (...) A gente cumpre metas, mas, sempre que possível, você faz para o seu país e para as necessidades dele”, afirmou. “Cumprimos muito mais porque cumprimos para nós”, completou.
 

De olho nas eleições


A pouco mais de seis meses do fim de seu mandato, Dilma que é pré-candidata à reeleição, prometeu ampliar programa de moradia, iniciada na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político. “Estamos deixando claramente o nosso compromisso com o Minha Casa Minha Vida 3”, disse o programa, que deve anunciado oficialmente na próxima semana.

Em outro momento, citou novamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comentar resultados do programa de construção de cisternas no semiárido do país. Dilma somou as 350 mil cisternas construídas no governo Lula e as 750 mil do seu governo e disse que “somar ela e o Lula é a mesma coisa”.

Dilma foi à cerimônia para assinar um decreto que torna mais rigorosa a prestação de contas das parcerias entre o Estado e as entidades e outro que cria a Política Nacional de Participação Social.

"O Brasil não é feito por aquilo que aparece na mídia, o Brasil é feito por milhões de movimentos, organizações, de pessoas anônimas que lutam para construir um processo de participação de defesa dos seus interesses, e de fato, esse conjunto de pessoas, esse conjunto de pessoas, ele não aparece", disse a presidente. 
 

Prestação de Contas


A petista também defendeu ações do seu governo para ampliar a prestação de contas, como a criação Lei de Acesso à Informação para acabar com “assimetria” entre o que sabe o Estado e a sociedade.

Dilma ressaltou a criação da Comissão Nacional da Verdade, que investiga o período da ditadura militar no Brasil, e disse que não se trata de “vingança” ou “perdão”, mas a busca pela verdade para poder “virar a página”.

“Nós não somos as pessoas que querem vingança, tampouco estamos discutindo perdão. Estamos discutindo uma outra questão chamada verdade”, disse.

Pouco antes, quando ia começar o seu discurso na Arena da Participação Social, em Brasília, foi surpreendida por um protesto de representantes de servidores federais da educação, categoria em greve que pede reajuste salarial.

Os gritos de “Negocia já” abafavam a voz de Dilma, que rebateu: “Aqui todos somos democratas, você tem todo direito de se manifestar e os demais têm todo direito de ouvir”. O grupo de manifestantes acabou sendo retirado em poucos minutos por seguranças e Dilma pôde continuar o seu discurso.

Na cerimônia, Dilma foi acompanhada de um séquito de ministros: Aloízio Mercadante (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), Teresa Campelo (Desenvolvimento Social e Combate a Fome), Henrique Paim (Educação), Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores), Eleonora Menecucci (Secretaria de Assuntos para Mulheres), Vinícius Nobre Lages (Turismo), Isabela Teixeira (Meio Ambiente) e Marcelo Neri (Assuntos Estratégicos).