Topo

Cinco ministros votam contra alterar bancadas parlamentares; três são a favor

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

18/06/2014 16h28Atualizada em 18/06/2014 19h19

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, relator de cinco ações que contestam mudança nas bancadas parlamentares, votou nesta quarta-feira (18) pela validade da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que alterou o número de deputados em 13 Estados – oito Estados perdem parlamentares e cinco ganham.

A ministra Rosa Weber, que é relatora de outras duas ações similares, porém, teve posição contrária por entender que o TSE invadiu competência do Congresso Nacional na definição das bancadas. Ainda faltam votar os demais ministros.

Os ministros Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli, que preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) concordaram com Mendes. Já os ministros Teori Zavascki, Luiz Fux, Marco Aurélio e Joaquim Barbosa, presidente do STF, seguiram o voto da ministra Rosa. Ainda faltam votar outros três magistrados. A Corte é composta por 11 ministros, mas a ministra Cármen Lúcia está ausente em uma viagem oficial no exterior.  

“Não havia espaço para o TSE produzir esta verdadeira, com todo o respeito, inovação”, disse Rosa. Na avaliação dela, liberar o TSE para definir o tamanho das bancadas provoca “insegurança jurídica” uma vez que a corte poderia fixar livremente a forma de cálculo em uma eleição e outro numa eleição seguinte.

Para Mendes, no entanto, as ações são “um verdadeiro atentado não só à Justiça eleitoral, mas ao Judiciário como um todo”.

Ele disse ainda que as contestações são inspiradas no “mundo bolivariano”. “Certamente, essa gente não está inspirada na melhor prática do constitucionalismo mundial, mas pode estar olhando para um mundo bolivariano ou nas vizinhanças.”

As ações das quais Mendes é relator foram propostas pelo governo do Espírito Santo e pelas assembleias legislativas do Piauí e de Pernambuco. Outros Estados, incluindo o Paraná e o Pará, manifestaram interesse em fazer parte dos processos. O ministro também julgou inconstitucional um decreto legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado contra a mudança de bancadas pelo TSE.

O decreto foi alvo de várias críticas de Mendes; "Alega-se a inconstitucionalidade e edita-se um decreto legislativo, presidente, para suspender uma resolução do TSE, em notória flagrante violação do texto constitucional. Como se o TSE tivesse inventado algo a partir do próprio texto constitucional. Veja quanto absurdo em termos de segurança jurídica", criticou.

A ministra Rosa é relatora dos processos movidos pelo governo e pela Assembleia Legislativa da Paraíba.

A alteração no número de deputados federais tem impacto também nas bancadas estaduais das Assembleias Legislativas e da Câmara do Distrito Federal, que podem diminuir caso a representação na Câmara dos Deputados seja reduzida.

 

Mudança de bancada

Em abril do ano passado, o TSE mudou o tamanho das bancadas com base em dados populacionais do Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Estados que perderam parlamentares recorreram contra a decisão. Meses depois, o Congresso aprovou um projeto de decreto legislativo anulando a determinação do TSE.

No entanto, em maio deste ano, o TSE analisou novamente o caso e acabou ratificando a sua resolução.

A decisão acabou contestada pelas assembleias legislativas de Pernambuco e Piauí e o governo do Espírito Santo, Estados que perderam parlamentares, além da Câmara dos Deputados e do Senado.