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Após aposentadoria do pai, Roseana Sarney diz que não quer disputar cargos

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), disse que vai sair da vida pública - Beto Macário/UOL
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), disse que vai sair da vida pública Imagem: Beto Macário/UOL

Aliny Gama

Do UOL, no Recife

27/06/2014 17h17Atualizada em 10/07/2014 10h57

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), assumiu que vai deixar a vida pública para cuidar da saúde e se dedicar mais à família. A decisão de Roseana ocorreu cinco dias após o pai dela, o senador José Sarney (PMDB-AP), informar que se aposentaria, aos 84 anos.

O senador disse que não vai mais tentar ser reeleito devido ao estado de saúde da mulher dele, Marly, e também salientou a necessidade de se dedicar à família.

"Essa decisão já estava tomada, comuniquei isso ao meu partido na semana passada. Entendo que é chegada a hora de parar um pouco com esse ritmo de vida pública que consumiu quase 60 anos de minha vida e afastou-me muito do convívio familiar”, afirmou Sarney, por meio de nota, divulgada na última segunda-feira (23)

Segundo a assessoria de Roseana, a decisão de que ela não disputaria mais nenhum cargo público foi tomada desde o mês de abril quando a governadora do Maranhão desistiu de tentar uma vaga no Senado Federal, na eleição de outubro.

O anúncio ocorreu no dia 4 de abril. Na época, Roseana não entrou em detalhes sobre a decisão e informou que em um outro momento conversaria com a imprensa.

Roseana Sarney tem 61 anos, completados no último dia 1º, e 24 anos de vida pública. Em 2010, foi reeleita governadora do Maranhão com 50,08% dos votos em 2010.

A última pesquisa CNI/Ibope, divulgada no dia 13 de dezembro de 2013, apontou que apenas 29% dos entrevistados consideraram o governo de Roseana Sarney como “positivo ou bom”.

A rejeição da governadora foi mostrada nos 34% dos entrevistados que classificaram o governo como “ruim ou péssimo” e 33% disseram que era “regular”. A pesquisa revelou ainda que 47% dos entrevistados estão insatisfeitos com o governo de Roseana Sarney, enquanto 45% que aprovaram a administração dela.

Saúde frágil

Roseana tem a saúde frágil e já se submeteu a 21 cirurgias.

Aos 19 anos, ela foi operada pela primeira vez, quando foram retirados o apêndice e um cisto no ovário. Aos 24 anos, em 1977, entrou engravidar e se submeteu a segunda cirurgia no ovário. Dois anos depois, durante o tratamento para ter filhos, se submeteu a um terceiro procedimento cirúrgico.

A mais recente cirurgia a que Roseana foi submetida ocorreu em 2009 para correção de um aneurisma cerebral. A cirurgia ocorreu no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e não deixou sequelas.

Para especialista, família tenta maquiar derrotas

Para o historiador Wagner Cabral da Costa, professor da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), tanto Roseana quanto Sarney estão usando desculpas pessoais para não disputarem cargos na eleição de outubro e maquiar as derrotas políticas que a família Sarney vem sofrendo.

“Roseana e o pai estão saindo de cena agora para transformar as derrotas políticas em supostas aposentadorias. Mas, isso não é definitivo, pois em 2009 Roseana conseguiu voltar ao governo depois que o Jackson Lago (PDT) e Luís Porto (PPS) foram cassados”, relembra Costa.

Costa explica que o peso da decisão de Roseana ocorreu por ela não conseguir se articular para se lançar ao Senado e também garantir a eleição do sucessor Luís Fernando Moura Silva (PMDB), que até abril era o pré-candidato dos Sarney para o governo do Estado. Após Roseana desistir da disputa, Luís Fernando anunciou no dia 6 de abril que também não iria disputar nenhum cargo na eleição de outubro.

“Roseana não conseguiu apoio da assembleia legislativa a tempo para garantir a disputa dela ao Senado. Outra desarticulação foi que o vice-governador Washington Luiz de Oliveira (PT) não conseguiu a vaga no TC (Tribunal de Contas). Ele saindo, Luís Fernando era o candidato dos Sarney para uma eleição indireta, que teria ocorrido em meados de março ou abril, e ele concorreria a eleição já como governador do Maranhão”, explicou.

Para Costa, a aposentadoria de Roseana e de Sarney não significa o fim da oligarquia da família Sarney no Maranhão. Segundo ele, a família Sarney já prepara Adriano Sarney (PV), filho de Sarney Filho (PV), para ser o deputado estadual mais votado da eleição de outubro no Maranhão.

“Caso a presidente Dilma Rousseff (PT) seja reeleita, Roseana pode voltar a vida pública como uma possível ministra, pois a família Sarney ainda terá cacife para articular um ministério”, disse.

O historiador analisa que os Sarney devem ter a maioria da bancada federal. Além de duas vagas no Senado, existe a possibilidade de uma terceira com a possível eleição do deputado federal Gastão Vieira (PMDB), que será candidato a senador dos Sarney. A candidatura dele foi homologada nesta sexta-feira (27) durante a convenção do partido.

A convenção do PMDB homologou também a candidatura de Edinho Lobão (PMDB), filho do ministro Edson Lobão, ao governo do Estado do Maranhão. O partido não definiu o nome do vice. 

Vida pública

Roseana ingressou na política em 1990 como deputada federal pelo PFL. Foi eleita governadora do Maranhão em 1994 e reeleita em 1998.

Em 2002, entrou para o Senado Federal depois de desistir da candidatura à Presidência da República. A disputa dela ocorreu em meio a denúncias de corrupção. A PF (Polícia Federal) apreendeu R$ 1,3 milhão não declarado nos cofres da empresa do marido dela, Jorge Murad Junior.

Em 2006, Roseana disputou pela terceira vez o cargo de governadora do Maranhão, mas foi derrotada por Jackson Lago (PDT). No mesmo ano, ela foi expulsa do PFL por ter participado de um comício com o então candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na cidade de Timon.

Em 2009, ela voltou ao governo do Maranhão depois que Jackson Lago e o vice dele, Luís Porto (PPS), terem os mandatos cassados por abuso de poder econômico.