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Citado na Lava Jato, Collor diz que Procuradoria não ouviu os investigados

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

09/03/2015 15h37

O senador Fernando Collor (PTB-AL), ex-presidente da República, criticou nesta segunda-feira (9), na tribuna do Senado, a atuação da Procuradoria-Geral da República. Ele é um dos parlamentares que está na lista de políticos suspeitos de participação do esquema investigado pela operação Lava Jato.

Na última sexta-feira (6), foi aberto um inquérito para apurar se Collor recebeu recurso ilícito do esquema de corrupção. Para o senador, a Procuradoria não permitiu que ele se explicasse antes de encaminhar petições pedindo a abertura de inquérito contra ele.

“Que motivação teria o procurador-geral da República para se portar dessa forma por tanto tempo, por tanto tempo, sem ao menos ouvir os principais interessados pela verdade de suas investigações?”, questionou o senador na tribuna.

O doleiro Alberto Youssef disse no depoimento da delação que o senador e ex-presidente da República recebeu cerca de R$ 3 milhões em propina em um negócio da BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras.

No Senado, Collor afirmou que o Ministério Público desconsiderou a Súmula Vinculante nº 14, do STF (Supremo Tribunal Federal), que concede direito ao investigado de ter acesso às provas colhidas contra ele.

“O Ministério Público atuou até aqui exclusivamente em depoimentos de notórios contraventores da lei, cuja credibilidade não recomenda, de pronto, a certeza e a pacificação da veracidade das informações”, afirmou Collor.

O pedido de investigação contra Collor se baseou na delação premiada de Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro.

“[O pedido de inquérito] trata de depoimentos oriundos de delações premiadas que, não raro, são colhidas pelo método das aproximações sucessivas, tentando cobrir lacunas ou unir pontos obscuros de depoimentos anteriores, sempre com a intenção de forçar uma sequência supostamente lógica ou coerente aos acontecimentos, sejam eles verdadeiros ou não”, completou.

O senador também criticou os arquivamentos contra alguns políticos, entre ele o senador Aécio Neves (PSDB-MG), da suspeita de participação no esquema. “Ao nome do Senador Aécio Neves e de outras seis autoridades se ele mesmo, o Procurador, não achou nada suficientemente justificável para solicitar o inquérito? Ora, bastava não pedir, não citar, simplesmente desistir, sem envolver aqueles nomes. Covardia!”

“Se pediu o arquivamento é porque existia algum ato, algum procedimento, ainda que apenas investigatório”, disse Collor. “Esse fato do pedido de arquivamento é mais uma ação obscura do procurador-geral da República.”