Topo

Novo tesoureiro do PT recebeu doação de R$ 95 mil de empreiteira da Lava Jato

O novo tesoureiro do PT, Márcio Macedo (PT-SE) - Alexandra Martins/Câmara dos Deputados - 21.ago.2013
O novo tesoureiro do PT, Márcio Macedo (PT-SE) Imagem: Alexandra Martins/Câmara dos Deputados - 21.ago.2013

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

17/04/2015 19h01

O novo tesoureiro do PT, Márcio Macedo (SE), recebeu doações de uma das empreiteiras da operação Lava Jato durante as eleições de 2014. Márcio Macedo foi anunciado nesta sexta-feira (17) como o novo tesoureiro do partido após a prisão e o afastamento de João Vaccari Neto, investigado no caso Lava Jato.

De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Macedo recebeu R$ 95 mil da construtora Andrade Gutierrez S.A para sua campanha a deputado federal. Macedo não foi reeleito. A doação, ainda de acordo com o TSE, foi feita por meio da Direção Nacional do PT no dia 12 de setembro de 2014.

A escolha de Macedo para o cargo pôs fim a três dias de intensas discussões entre integrantes da cúpula petista. Havia pelo menos outros três candidatos para o cargo: o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, o deputado estadual José Américo (PT-SP) e o dirigente partidário João Batista.

As doações de campanha feitas a partidos como o PT, PMDB e PP estão sob investigação dos procuradores federais da operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos com a Petrobras, Ministério da Saúde e Caixa Econômica Federal.

Segundo investigações da operação Lava Jato, empreiteiras se reuniam em uma espécie de cartel para superfaturar contratos. Parte do dinheiro superfaturado era destinado a partidos e políticos.

De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), as doações feitas ao PT durante as eleições estão sob suspeita porque elas seriam uma forma de pagamento de propina que empresas que participavam do esquema deviam ao partido.

A Andrade Gutierrez, empresa que doou à campanha de Márcio Macedo, é uma das empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato.

Em depoimento prestado junto à CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, na última sexta-feira (9), Vaccari negou as acusações, disse ser inocente e afirmou que todas as doações feitas ao PT foram realizadas de forma legal.

Vaccari é réu em processos da operação Lava Jato, que investiga irregularidades em contratos junto à Petrobras, Caixa Econômica e Ministério da Saúde.

O ex-tesoureiro do PT é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha  e pode ser condenado a penas que, juntas, podem totalizar mais de 20 anos de prisão.

Segundo delatores do esquema investigado pela operação Lava Jato, Vaccari recolhia propinas cobradas pela diretoria de serviços da Petrobras.

Ainda de acordo com as investigações, os desvios foram de pelo menos R$ 10 bilhões.

Segundo o ex-gerente executivo da Petrobras Pedro Barusco, um dos principais delatores do esquema, o PT teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina. Barusco disse que Vaccari teve participação no “recebimento” do dinheiro.

Procurado pela reportagem, o diretório nacional do PT informou que não vai se pronunciar sobre o caso por se tratar de uma doação legal.