Moro responde a ataque de Cunha: "não cabe ao Juízo silenciar testemunhas"
Alvo de ataques do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na manhã desta sexta-feira (17), o juiz federal Sérgio Moro divulgou breve nota oficial na qual afirmou que "não cabe ao Juízo silenciar testemunhas ou acusados na condução do processo" da operação Lava Jato.
Mais cedo, o deputado federal havia criticado os procedimentos adotados por Moro na delação do consultor Júlio Camargo, que afirmou ter pago US$ 5 milhões em propina a Cunha, em depoimento à Justiça Federal do Paraná que veio à público nesta quinta (16). Para Cunha, o juiz não poderia ter colhido depoimentos contra alguém que tem foro privilegiado. Ele alegou que isso só poderia ser feito pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e disse que seus advogados entrarão com uma reclamação para que o processo vá para esta instância.
"Juiz de primeiro grau não poderia ter conduzido depoimento daquela maneira. Ele violou o procedimento de foro privilegiado, ao qual eu tenho acesso", afirmou, durante entrevista coletiva. "O juiz acha que o Supremo se mudou para Curitiba", completou. O presidente da Câmara nega as acusações.
Cunha argumentou ainda que a denúncia contra ele tem de ser feita e votada pelo Supremo, onde ele disse já ter sido réu e absolvido por unanimidade. "O fato de a pessoa ser denunciada não significa que é culpada", observou. Para o deputado, Moro tem agido como "dono do País".
Em resposta a Cunha, Moro afirmou que a 13ª Vara de Curitiba "conduz ações penais contra acusados sem foro privilegiado em investigações e processos desmembrados pelo Supremo Tribunal Federal".
Apesar das críticas ao juiz, Cunha disse que, diferentemente da PGR (Procuradoria-Geral da República), Sério Moro não sofre influência do governo. "É óbvio que Moro não está orquestrado com o governo, não vou brigar com ele. Farei uma reclamação para que o caso vá para o Supremo. Ele fez um procedimento que não tinha competência para fazer", garantiu.
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