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Queda no salário ou morte de nadadora: veja pedidos curiosos de impeachment

A então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante gravação do programa "SuperPop", da apresentadora Luciana Gimenez (2010); a entrevista foi usada em um pedido de impeachment contra a presidente - Almeida Rocha/Folhapress
A então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante gravação do programa "SuperPop", da apresentadora Luciana Gimenez (2010); a entrevista foi usada em um pedido de impeachment contra a presidente Imagem: Almeida Rocha/Folhapress

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

04/12/2015 06h00

Desprezo pelo sofrimento do povo, queda no salário de juiz, morte de nadadora no canal da Mancha e até uma entrevista em um programa de auditório, tudo pode ser motivo para um pedido de impeachment na visão de alguns brasileiros. Muita gente não sabe, mas qualquer cidadão pode protocolar um pedido e solicitar o processo contra o chefe do Executivo nacional. 

Nos últimos 25 anos, os presidentes da República foram alvo de 132 pedidos de impeachment entregues à Câmara. Desses, só dois se tornaram processos --os demais foram rejeitados. Alguns deles pelo seu teor muitas vezes descabido. 

Em 31 de julho de 1992, um pedido feito pela jornalista e ex-vereadora de São Paulo Irede Cardoso, na época no PMDB, pediu abertura de processo contra o então presidente Fernando Collor (PTB) por “mentiras amplamente comprovadas em seu pronunciamento à nação, desprezo pelo sofrimento e fome da população brasileira”.

Em 1º de novembro de 2001, o juiz Luiz Fernando Vaz Cabeda solicitou processo contra Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por crime de responsabilidade e contra o ministro da Justiça José Gregori. Eles teriam “deixado de ultimar a aposentadoria do denunciante com rebaixamento dos vencimentos do magistrado”.

Um outro pedido foi feito pelo pelo cidadão Rogério Garcez Lobo, em 9 de agosto de 2010, em que “denuncia o presidente da República por crime de responsabilidade pela não elucidação da morte da nadadora Renata Agondi, em 1988, em travessia ao Canal da Mancha”.

Já a presidente Dilma Rousseff (PT) foi alvo de dois pedidos similares de Alexandre Ferraz de Moraes, em julho de 2012 e outubro de 2013.

O cidadão alegou que, em abril de 2011, “a presidente esteve presente em um dos programas 'Superpop' (Rede TV!), da apresentadora Luciana Gimenez, e apresentou vídeo em que o denunciante estava no interior de sua residência sem roupas e violou a privacidade, a honra e a imagem do denunciante”.

Ele, no entanto, não apresentou o vídeo para comprovar sua nudez. Na época ministra-chefe da Casa Civil e presidenciável, Dilma preparou omelete e falou sobre sua vida pessoal. Os pedidos foram negados pelos então presidentes da Câmara Marco Maia e Henrique Alves.

Boa parte dos processos tem ligação com escândalos marcantes da política nacional desde 1990, como o esquema PC Farias, mensalão e petrolão. Também há pedidos que relatam casos como a suposta compra da emenda para reeleição no governo FHC, o fechamento de rodovias pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no governo Lula e os planos econômicos do governo Collor. 

Pedidos de impeachment

  • Collor (1990-92): 29
  • Itamar (1992-94): 4
  • FHC - 1º mandato: (1995-98): 1
  • FHC - 2º mandato (1999-2002): 16
  • Lula - 1º mandato (2003-06): 25
  • Lula - 2º mandato (2007-10): 9
  • Dilma - 1º mandato (2011-14): 14
  • Dilma - 2º mandato (2015): 34