Comissão do impeachment nega perícia sobre acusações contra Dilma
A comissão do Senado que julga o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), rejeitou nesta quarta-feira (8) a realização de perícia independente nos documentos que embasaram a denúncia contra ela.
A auditoria foi solicitada pela defesa da petista, que pedia que o procedimento fosse feito por órgão internacional, o que foi negado pelo relator da comissão, Antonio Anastasia (PSDB-MG). O tucano propôs, por sua vez, que a perícia fosse feita no Brasil, por um ou mais peritos designados pelo presidente do colegiado, Raimundo Lira (PMDB-PB), para, em um prazo delimitado, responder aos quesitos que serão apresentados pela defesa, pela acusação e os respectivos assistentes técnicos. A realização da perícia foi posta em votação e barrada pela maioria dos senadores.
Lira afirmou que, caso fosse aprovada, a perícia seria realizada, sem custos extras, por "servidores preparados" do Senado, em até dez dias. "Evitaremos uma alegação futura de que nós estaríamos cerceando o direito de defesa", argumentou o peemedebista.
A discussão dos senadores sobre a questão durou quase duas horas e provocou manifestações exaltadas.
O advogado da presidente, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, afirmou que a perícia poderia provar a inocência de Dilma.
“O medo da perícia é: a perícia colocará por terra os argumentos da acusação. É a maneira que se tem de provar a inocência da presidenta e a acusação não quer justiça, ela quer o impeachment a qualquer preço”, afirmou Cardozo.
Senadores do PT afirmaram que vão recorrer ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, para pedir a realização da perícia. Nesta fase do processo, cabe a Lewandowski decidir sobre os recursos da comissão.
A comissão também seguiu o entendimento do relator Anastasia e barrou algumas testemunhas solicitadas pela defesa. Os advogados de Dilma deverão indicar substitutos à comissão.
Também está previsto, na reunião desta quarta-feira, que testemunhas indicadas pela acusação sejam ouvidas, como o procurador do Ministério Público no TCU (Tribunal de Contas da União), Júlio Marcelo de Oliveira.
Serão ouvidas duas testemunhas da acusação e quatro solicitadas por senadores favoráveis ao afastamento da petista.
Os autores da denúncia do impeachment à Câmara, os advogados Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal, estão presentes à reunião.
Na sessão de hoje, a comissão corrigiu o número de decretos de crédito suplementar que são objeto da denúncia, a pedido da defesa. Com a decisão do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG), aprovada pelo colegiado, estão listados no processo quatro, e não cinco decretos, como havia sido determinado pela comissão.
O parecer aprovado pela Câmara, relatado pelo deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que considerou neutros os dois primeiros decretos apresentados pelos denunciantes, foi considerado por Anastasia.
A alteração vai provocar a redução do número de testemunhas da defesa, já que, segundo decidido pelo presidente do STF, poderão ser ouvidas oito pessoas para cada fato da denúncia. Considerando-se os quatro decretos e as chamadas "pedaladas fiscais" como cinco fatos, a defesa de Dilma terá direito agora a 40 testemunhas.
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