Topo

Candidato à presidência da Câmara, Rodrigo Maia cita Temer e Aécio

"Fora, Cunha", diz Erundina ao pedir voto em eleição da Câmara

UOL Notícias

Do UOL, em Brasília

13/07/2016 18h56Atualizada em 13/07/2016 22h02

O candidato à presidência da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), que disputa ainda hoje o segundo turno com o deputado Rogério Rosso, discursou por pouco mais de 10 minutos na noite desta quarta-feira (13). Ele foi o primeiro dos 14 candidatos a ocupar a tribuna.

Na sua fala, ele fez elogios a ex-presidentes da Casa, a exemplo do atual presidente interino, Michel Temer (PMDB), Ulysses Guimarães (PMDB), Ibsen Pinheiro (PMDB), Aécio Neves (PSDB) e Luís Eduardo Magalhães (PFL). Maia declarou ainda que é preciso perseguir "as boas práticas políticas e que acordo fechado é acordo cumprido", ao pedir votos a seus colegas em discurso realizado no plenário da Câmara. "Vivemos um momento de grande de crise política. Peço seus votos porque sei que estou pronto para navegar por esta tormenta", disse. Maia declarou ainda que um Câmara paralisada "é a fraqueza de cada um de nós deputados".

"Michel Temer nunca foi capaz de cometer um gesto que o apequenasse", disse, elogiando a postura de Temer enquanto presidente da Câmara dos Deputados, de 2009 a 2010.

Maia lembrou que é preciso respeitar os direitos da minoria da Casa. "A divergência não nos faz inimigos e sim adversários. Somos todos brasileiros."

O democrata recebeu o apoio dos líderes do bloco da antiga oposição (PPS, DEM, PSB e PSDB). A unidade do bloco foi possível após o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais, desistir de sua candidatura.

A eleição para a presidência da Câmara foi precipitada pela renúncia de Eduardo Cunha ao cargo, na última quinta-feira (7), dois meses após ser afastado do exercício do mandato, e, portanto, do cargo, pelo STF (Supremo Tribunal Federal), por suspeitas de que usava o cargo para interferir nas investigações contra ele. 

Atualmente, além do processo de cassação, Cunha enfrenta diversas investigações no STF por suspeitas de participação em esquemas de corrupção. O deputado nega irregularidades e diz que vai provar sua inocência.

O novo presidente da Câmara vai cumprir um "mandato-tampão" até fevereiro de 2017.

Para eleger em primeiro turno o presidente é preciso 257 votos, quantidade que representa a maioria absoluta da Câmara, que tem 513 deputados (nessa eleição, votarão 512, já que Cunha está afastado).

Mais discursos

Após Maia, discursou Evair Vieira de Melo (PV-ES). O deputado defendeu a renovação política ao afirmar que a Casa precisa de um líder pacificador. "É tempo de abandonar os pensamentos retrógrados e a cultural medieval que persiste arraigada na Câmara". O deputado declarou ainda que a Operação Lava Jato atingiu "a direção da Câmara" e que, segundo ele, é preciso recolocá-la para trás o personalismo e o patrimonialismo.

Em seguida, discursou Miro Teixeira (Rede-RJ), que afirmou que não veio "pedir voto" e desejou sucesso "ao eleito". "A Câmara de Deputados perdeu o protagonismo legislativo para o Senado", disse o deputado federal, ao reiterar que a Casa não tem apresentado uma pauta própria, independente dos projetos do Executivo. "O meu discurso é de alegria, não é da tragédia que eu vi hoje na CCJ", afirmou Teixeira, em referência ao processo de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou à presidência da Câmara. Ele também defendeu que o processo de eleição contemple um debate entre os postulantes ao Comando da Casa, como defende um grupo de 52 entidades da sociedade civil, a exemplo da Transparência Internacional.

Giacobo (PR-PR) afirmou que o novo presidente da Câmara precisa ser capaz de retomar a estabilidade da casa legislativa. Seu discurso foi pontuado por uma defesa da imagem do Poder Legislativo e dos deputados federais. "Todas as mazelas do país são jogadas com exclusividade e, por isso, sem razão nos ombros desse poder.  afirmou o atual 2° vice-presidente da Câmara. "Tenho orgulho de ser deputado federal e digo isso com altivez", acrescentou.

A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) afirmou que novo presidente da Câmara tem que ser um político ficha-limpa e que saiba dialogar com o Planalto. "Sou uma candidata mulher, ficha-limpa e aliada ao movimento do diálogo. E sou contra os aumentos de impostos e contra os gastos públicos", declarou em seu discurso de dez minutos. Para a candidata, o Congresso deve voltar a trabalhar em prol da população brasileira, e promover o equilibro diálogo entre a situação e a oposição. "É sobreviver a uma devastadora decepção com a gestão desastrada do PT no governo federal".

Luiza Erundina (PSOL-SP) gritou "Fora Cunha!" e chamou de "golpista" o presidente interino, Michel Temer, em seu discurso no plenário da Câmara. Erundina classificou ainda o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de "presidente-réu" e de "fantasma". Erundina afirmou também que a atual eleição é uma grande oportunidade da Câmara pagar uma dívida histórica com as mulheres. "Em 192 anos de existência do Legislativo nenhuma mulher ocupou a presidência da câmara e poucas foram eleitas para a mesa diretora", declarou em seu discurso no plenário. Ela fez uma citação direta ao Planalto, ao afirmar que "golpistas que tomaram de assalto o mandato da primeira mulher presidenta do Brasil". Erundina afirmou que seu mandato na presidência da Câmara promoverá pautas populares, a exemplo das reformas política, tributária, agrária e urbana.

Fábio Ramalho (PMDB-MG) afirmou que não se pode aceitar que "o Judiciário interfira tanto no Legislativo". Para o deputado federal, o Legislativo brasileiro se apequenou em disputas fisiológicas e que precisa se recompor diante da sociedade brasileira. "Precisamos com urgência reverter essa percepção", afirmou. "A Câmara precisa ser parte da solução e não fonte de problemas."

O candidato Carlos Manato (SD-ES) iniciou sua fala rasgando o discurso escrito, segundo ele, por seus assessores. "Me desculpa! Me desculpa! Mas o que vocês escreveram aqui é a mesmice, a mesma coisa que os outros já disseram", afirmou ao rasgar a papelada na tribuna. Manato afirmou ainda que candidatos usaram de pirotecnia e o que processo eleitoral é totalmente distorcido. "Eu não ouvi ninguém dizendo aqui  que quer trabalhar mais. Eles querem pegar o avião da FAB (Força Aérea Brasileira) na quinta-feira para ir embora de Brasília".

Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO) pediu voto especialmente aos 253 deputados federais que, assim como ele, estão em primeiro mandato. "Gaguim não é de promessa, Gaguim é de compromisso", declarou ao se referir a si mesmo na terceira pessoa. "Eu preciso de um cada um de vocês. Vocês, de vários mandatos, não só os novatos, eu preciso de votos de cada um de vocês. Dá um votinho no Gaguim."

Rogério Rosso (PSD-DF), considerado o favorito no pleito, reconheceu que é um deputado federal inexperiente e que sua eventual vitória tem um significado de mudança. Ele afirmou que ainda que o próximo presidente da Casa tem a obrigação de garantir a governabilidade e estabilidade. "Não era hora de inventar a roda", afirmou Rosso, que pediu desculpas por estar rouco.

Candidato oficial do PMDB à presidência da Câmara, partido com a maior bancada de deputados, Marcelo Castro (PMDB-PI) afirmou que "sempre teve lado" durante seu discurso de campanha no plenário do parlamento, no qual defendeu prerrogativas dos deputados, como a liberação de dinheiro do Orçamento por meio de emendas. "O deputado Marcelo Castro nunca baixou a cabeça. Nunca esteve indeciso. Nunca esteve em cima do muro", disse. "Porque o deputado Marcelo Castro sempre teve lado, e nosso lado é pelo Poder Legislativo."

Cada candidato tem 10 minutos para discursar na sessão de eleição, em ordem definida por sorteio. Caso nenhum dos candidatos consiga os 257 votos para vencer no primeiro turno, o segundo turno de votação será realizado com os dois mais votados, na mesma sessão, uma hora após apurado o primeiro resultado.