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Casa de Michel Temer vira alvo de protesto pacífico em São Paulo

UOL Notícias

Do UOL, em São Paulo*

08/09/2016 20h22

Com forte esquema de segurança e barreiras policiais nas imediações, manifestantes fizeram um protesto nas proximidades da residência do presidente Michel Temer, na zona oeste de São Paulo, na noite desta quinta-feira (8). Não houve confronto e a manifestação terminou, de forma pacífica, por volta de 21h15.

A manifestação foi convocada pela Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, formadas por dezenas de movimentos sociais que pedem a saída de Temer, a manutenção de direitos sociais e a realização de novas eleições presidenciais. Os organizadores estimaram o número de participantes em 15 mil; já a PM não fez estimativas.

Atos contra o governo federal estão ocorrendo em São Paulo desde a semana passada. Na quarta-feira (7), dia da Independência, quando se realiza o tradicional "Grito dos Excluídos", houve protestos em várias capitais do País, além de São Paulo, como Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro e Salvador. 

O protesto desta quinta começou por volta das 17h, com uma concentração no largo da Batata, na zona oeste, em Pinheiros. Do lado oposto da praça foram colocados três caminhões de choque da Polícia Militar (um deles com jato de água), um grupo de 23 PMs em motocicletas, além de dezenas de viaturas espalhadas pelas saídas do metrô. A PM não divulgou o efetivo total deslocado para acompanhar a manifestação.

Em uma reunião à tarde entre a cúpula da PM, o Ministério Público estadual e os organizadores do evento, houve acordo para a definição do trajeto combinado para o protesto - a marcha seguiria pela avenida Pedroso de Moraes em direção à praça Panamericana e para o bairro de Alto de Pinheiros, onde Temer tem uma casa e fica quando está em São Paulo.

No mesmo encontro, o MP-SP propôs a criação de um grupo de trabalho integrado por autoridades, movimentos sociais que organizam as manifestações contra o governo Temer e outros representantes da sociedade civil para discutir a adoção de protocolos a serem implementados durante os protestos. Já a Defensoria Pública estadual criou um telefone de plantão para atendimentos durante manifestações na capital paulista [(11) 94221-0426].

Foi o quarto protesto contra Temer em uma semana. No domingo (4), após uma passeata pacífica com aproximadamente 100 mil pessoas (segundo os organizadores), policiais soltaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, durante a dispersão do protesto, além de usar jatos d'água. No ato de quarta (7), não houve incidentes.

Ao fim da passeata, os organizadores convocaram os manifestantes para o próximo protesto: domingo (11), às 14h, com concentração na avenida Paulista.

Barreira policial na casa de Temer - Fabio Braga/Folhapress - Fabio Braga/Folhapress
Policiais militares montam barreira nos arredores da casa de Michel Temer
Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Barreiras

Houve um pouco de tensão no início do ato, que foi se dissipando à medida que chegavam notícias de que a reunião entre manifestantes e autoridades tinha sido bem-sucedida, enquanto os policiais se mantinham à distância, na avenida Brigadeiro Faria Lima. 

Os manifestantes optaram pela cautela ainda maior quando foram informados pela comandante da operação policial, a tenente-coronel Dulcinéia Lopes de Oliveira, que seriam montadas barreiras policiais nas imediações da casa do presidente da República e que ninguém poderia chegar perto do local. No entanto, receberam a autorização para ficar em uma praça próxima à residência. Muros de algumas casas do entorno foram pichados após a manifestação.

Casa pichada após protesto contra Temer no Alto de Pinheiros - Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo - Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Porta de garagem foi pichada após protesto contra Temer em São Paulo
Imagem: Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo

No entanto, o clima tranquilo predominou por todo o trajeto. A aposentada e ex-presa política Josefa Laurindo Roriz Silva, 76 anos, disse que era  "representante das idosas que teimosamente insistem em permanecer nas ruas". "Lugar do povo é na praça e vou ficar alerta até o Temer cair."

Com 23 anos, Naiara do Rosário, que milita no coletivo de educação Emancipa, diz que está na rua porque "o atual governo está atacando a educação e quer implementar a bobagem que é a Escola Sem Partido".

Edva Aguilar - Flávio Costa/UOL - Flávio Costa/UOL
Edva Aguilar pediu a volta de Dilma
Imagem: Flávio Costa/UOL

Apesar de o ato pedir eleições diretas já, nem todos os participantes defenderam a antecipação do pleito. A enfermeira aposentada Edva Aguilar, 57, quer a anulação do impeachment e a volta de Dilma Rousseff à presidência. "Eu sou contra diretas já, porque se na última eleição presidencial estupraram as urnas, farão isso novamente", disse. A arquiteta Daniela Fragoso, 50 anos, tem a mesma opinião: "Nova eleição é golpe. Dilma tem que voltar e ficar até 2018".

Afastamento

O secretário de segurança pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou na tarde desta quinta-feira (8) que o coronel da PM Henrique Motta foi afastado da atuação nas manifestações de rua pelo "Fora Temer".

O coronel da PM Henrique Motta em foto em sua rede social do Facebook - Reprodução - Reprodução
O coronel da PM Henrique Motta em foto em sua rede social do Facebook
Imagem: Reprodução

Responsável pelo comando do Batalhão de Choque nos atos de rua, Motta ironizou nas redes sociais a manifestante de 19 anos Deborah Fabri, que perdeu a visão de um olho por causa de um estilhaço de bomba lançada pela Polícia Militar.

"Até para preservar o policial e a ordem pública ele vai deixar de fazer o comando nas manifestações que estão ocorrendo. Das manifestações, não é de suas funções normais", disse. Também foram afastados dos atos de rua, segundo o secretário, os policiais que estavam na viatura que foi filmada atropelando um manifestante na semana passada.

O secretário disse que a secretaria investiga denúncias de que houve excesso da atuação da polícia nos atos e que haverá punição nos casos que foram confirmados. "Podemos imaginar algumas situações que nós já estamos investigando que realmente fogem de qualquer protocolo", disse ele sobre a atuação da PM nos atos, citando casos em que jornalistas e frequentadores de bares foram agredidos por policiais.

Alves disse que a intenção da secretaria é conversar com os manifestantes para que o Largo da Batata não seja mais utilizado em atos de rua. Segundo ele, com apenas uma estação de metrô, o local oferece poucas opções para desafogar multidões. "Mas nós não vamos proibir a utilização do Largo da Batata para manifestações", disse o secretário.

*Com Estadão Conteúdo
 

Snap do UOL acompanhou as manifestações desta quinta-feira

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