Lava Jato aponta propinas da Odebrecht em obras públicas pelo país
A força-tarefa da Operação Lava Jato citou propinas pagas pela empreiteira Odebrecht em obras públicas em esfera federal, estadual e municipal. "Marcelo Odebrecht [ex-presidente da empresa] coordenava e autorizava diversos pagamentos de propina. Ele tinha ciência e autorizava tais pagamentos", disse, nesta segunda (26), o delegado da PF (Polícia Federal) Filipe Pace.
A PF diz que está provado por documentos a autorização de Marcelo Odebrecht para o pagamento de propina nas seguintes obras:
- linha 2 do metrô de São Paulo
- contratos com a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), em São Paulo
- reformas em centros educacionais e universitários
- metrô de Ipanema, no Rio
- porto de Laguna (SC)
- contrato de processamento e tratamento de lixo em São Paulo
- obras no município de Rio das Ostras (RJ)
- obras de construção e reformas de presídios, penitenciárias e casas de custódia no Rio de Janeiro
- obras de reforma do aeroporto Santos Dumont, no Rio
- modernização do autódromo de Jacarepaguá, no Rio
- obras das piscinas do Pan-Americano de 2007, no Rio
- obras da Terceira Perimetral de Porto Alegre
- obras no Hospital de Campos dos Goytacazes (RJ)
Procurada, a Odebrecht disse que não irá se pronunciar.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo informou em nota que "obras ou prestação de serviços é baseada nos princípios legais e com aprovação de suas contas pelos órgãos competentes" (leia a íntegra da nota abaixo)
Para os investigadores, o petista teria contato constante com Marcelo Odebrecht. O ex-ministro agiu em favor da empresa mesmo quando não exercia funções públicas, segundo a Lava Jato.
Uma planilha obtida pelos investigadores comprova a relação entre os dois. O ex-ministro era identificado como "italiano" nos documentos. "Conforme planilha apreendida durante a operação, identificou-se que, entre 2008 e o final de 2013, foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e a seus agentes, incluindo Palocci", aponta o MPF (Ministério Público Federal). "Remanesceu, ainda, em outubro de 2013, um saldo de propina de R$ 70 milhões, valores estes que eram destinados também ao ex-ministro para que ele os gerisse no interesse do Partido dos Trabalhadores."
A 35ª fase da operação, chamada "Omertà", foi realizada na manhã de hoje e prendeu, além do ex-ministro, dois ex-assessores dele: Branislav Kontic e Juscelino Dourado. Segundo os investigadores, há evidências de que Palocci contou com ajuda de Kontic para atuar em favor de interesses da Odebrecht, interferindo em decisões tomadas pelo governo federal.
Palocci foi ministro da Fazenda (2003-06) do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da Casa Civil (2011) do governo Dilma Rousseff (PT).
O criminalista José Roberto Batochio, advogado de Palocci, afirmou que o ex-ministro nunca recebeu vantagens ilícitas. Batochio também acusou a Lava Jato de "autoritarismo" e demonstrou preocupação sobre a possibilidade de o ministro da Justiça ter tido informações prévias sobre a operação.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos enviou a seguinte nota: "A relação do governo do Estado e seus contratados para a realização de obras ou prestação de serviços é baseada nos princípios legais e com aprovação de suas contas pelos órgãos competentes. A EMTU e o Metrô não podem comentar mensagens cifradas obtidas por uma operação que ainda está em curso e que foram divulgadas pela imprensa. As empresas, contudo, estão à disposição para colaborar com a Força Tarefa da Lava Jato e esclarecer todas e quaisquer informações".
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