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Pressionado por greve e eleições, Richa antecipa salários de servidores

Em agosto, professores da rede estadual de ensino protestaram contra o governo Beto Richa em passeata - Joka Madruga/Futura Press/Estadão Conteúdo
Em agosto, professores da rede estadual de ensino protestaram contra o governo Beto Richa em passeata Imagem: Joka Madruga/Futura Press/Estadão Conteúdo

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

26/10/2016 20h56

O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), determinou nesta quarta-feira (26) que os salários dos servidores públicos estaduais sejam depositados com três dias de antecipação, pagando-os na sexta-feira (28).

A decisão acontece em meio a greve de professores de escolas e universidades estaduais e de policiais civis e às vésperas do segundo turno das eleições municipais em cidades importantes do Estado como Curitiba, Maringá e Ponta Grossa.

Oficialmente, a antecipação dos salários é "determinação do governador" em "homenagem pelo Dia do Servidor Público, que se comemora neste 28 de outubro”, afirmou, em comunicado oficial, a secretária em exercício da Administração e da Previdência, Márcia Carla Pereira Ribeiro.

Greves

Os docentes e os policiais cruzaram os braços no último dia 17. A paralisação em universidades estaduais --o Paraná tem a segunda maior rede do país, atrás apenas do estado de São Paulo-- começou uma semana antes.

As duas categorias pararam suas atividades após o anúncio do governo de pagar apenas promoções e progressões, sem prever reposição dos salários, em 2017. A proposta foi apresentada como emenda à lei orçamentária, em discussão na Assembleia Legislativa, e depois retirada.

Nesta quarta, após reunião com grevistas, o secretário da Casa Civil, Valdir Rossoni, disse em nota que o "governo reafirma disposição de discutir com os sindicatos dos servidores do Estado do Paraná a data-base e a implantação das promoções e progressões tendo como parâmetro R$ 1.400.000,00, previstos na Proposta de Lei Orçamentária de 2017, dentro de um cronograma de negociação para a discussão de alternativas, antes da votação na Assembleia Legislativa”.

Eleições

Na capital, Richa apoia Rafael Greca (PMN), que está tecnicamente empatado com Ney Leprevost (PSD) segundo pesquisa do Ibope divulgada na última sexta-feira (28). Numericamente, o aliado do governador tem 39% das intenções de voto, ante 44% do adversário, num levantamento com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos.

A mesma pesquisa que mediu a intenção de voto para prefeito de Curitiba perguntou aos eleitores o que pensam da administração Richa. Para 16%, é boa ou ótima; para 51%, ruim ou péssima.

Por conta da má avaliação, Richa não apareceu na campanha de Greca e fez raras declarações a respeito. Mudou de atitude esta semana: em entrevista ao jornal "Gazeta do Povo", criticou caciques do PSD, entre eles o ex-secretário da Casa Civil, Eduardo Sciarra, e o do Desenvolvimento Urbano, Ratinho Junior, filho do apresentador do SBT e principal cabo eleitoral de Leprevost.

“Estou ligando para o presidente do partido [PSD], que até esses dias era meu chefe da Casa Civil, perguntar se houve algum rompimento que não fui avisado. Porque não posso aceitar de um partido aliado ataques sórdidos e rasteiros como a campanha do Ney tem feito contra mim”, criticou Richa.

Em Maringá (terceiro maior colégio eleitoral do estado, a 436 km a noroeste da capital), Silvio Barros (PP), ex-secretário de Richa, irmão do ministro da Saúde Ricardo Barros e cunhado da vice-governadora Cida Borghetti (ambos do PP), disputa o segundo turno contra Ulisses Maia (PDT). O PSDB faz parte da coligação de Barros.

Em Ponta Grossa (103 km ao norte de Curitiba), o deputado estadual Marcelo Rangel (PPS) e o deputado federal Aliel Machado (Rede) se enfrentam no segundo turno. Rangel tem apoio do partido de Richa, tem como opositor o único parlamentar paranaense a votar, na Câmara Federal, contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Segundo o Palácio Iguaçu, o Paraná possui aproximadamente 140 mil servidores ativos no poder Executivo, órgãos da administração direta e autarquias, e 110 mil aposentados e pensionistas.