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Moro aceita denúncia, e Cabral e mais seis são réus na Lava Lato

O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, está preso em Curitiba - Rodrigo Félix/Agência de Notícias Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, está preso em Curitiba Imagem: Rodrigo Félix/Agência de Notícias Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

16/12/2016 12h16Atualizada em 16/12/2016 18h15

O MPF (Ministério Público Federal) no Paraná denunciou o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), sua mulher, Adriana Ancelmo, e outras cinco pessoas no âmbito da Operação Lava Jato na quinta-feira (15). Nesta sexta (16), o juiz federal Sergio Moro recebeu a denúncia contra todos eles, que agora são réus na operação.

Além do casal, são réus o empresário Carlos Miranda; o ex-secretário de Governo do Rio, Wilson Carlos; Mônica Carvalho, mulher de Wilson; e os ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez Rogério Nora e Clóvis Primo. Eles foram denunciados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro, por conta de propinas pagas pela Andrade Gutierrez por meio do contrato de terraplanagem do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio).

Segundo a denúncia aceita por Moro, foram pagos cerca de R$ 2,7 milhões em "vantagem indevida" ao então governador Sérgio Cabral. Deste montante, pouco mais de 2,6 milhões teriam sido lavados pelos acusados. O contrato foi firmado entre o Consórcio Terraplanagem Comperj e a Petrobras em 2008, e tinha o valor original de R$ 819,8 milhões. Cinco aditivos depois, o valor subiu para pouco mais de R$ 1,1 bilhão.

Com a denúncia aceita, os acusados foram intimados a apresentar suas defesas no prazo de dez dias. Depois disso, terá início a instrução processual, com depoimentos de testemunhas de acusação e defesa e dos réus. Abre-se então novo prazo para diligências complementares e, em seguida, para as alegações finais, sucedidas pela sentença do juiz. Moro decidiu que a ação penal deverá tramitar sem sigilo, considerando o "interesse público" do processo.

"Tal contrato foi obtido pela Andrade Gutierrez no âmbito dos ajustes fraudulentos de licitação realizados entre as empresas fornecedoras da Petrobras. As propinas teriam sido depois acertadas pelos dirigentes da Andrade Gutierrez com o então governador e seus associados", descreve o juiz no despacho.

Ex-presidente da empreiteira, Rogério Nora, teria concordado com o pagamento da propina, assim como Clóvis Primo, ex-diretor geral da empresa. Os dois firmaram acordo de delação premiada e estão em liberdade, assim como Mônica Carvalho. O ex-governador "e seus associados teriam participado dos acertos e da operacionalização do recebimento de valores", denuncia o MPF.

Cabral, Wilson Carlos e Carlos Miranda estão presos desde o dia 17 de novembro, quando foi deflagrada no Rio a Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato. Mulher de Cabral, a a advogada Adriana Ancelmo está presa desde o último dia 6. Os quatro são réus no processo que corre na Justiça Federal do Rio.

Com a exceção do ex-governador, que foi transferido para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba no último sábado (10), os réus estão no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste da capital fluminense.

A reportagem do UOL telefonou para o advogado Ary Bergher, que representa Cabral e sua mulher, mas o telefone estava na caixa postal. A Andrade Gutierrez informou, por meio de sua assessoria, que "não vai comentar o assunto" e ressaltou que não responde por Nora e Primo, "que são ex-executivos da companhia". Até o momento, os representantes dos outros acusados não foram localizados.