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Para tentar barrar denúncia na Câmara, Temer considera cancelar viagem à Rússia

Eraldo Peres/AP
Imagem: Eraldo Peres/AP

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

12/06/2017 13h07Atualizada em 12/06/2017 13h07

Preocupado com a possível denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) e na tentativa de barrá-la na Câmara dos Deputados, o presidente da República, Michel Temer, considera cancelar a viagem para a Rússia programada para os dias 20 e 21 de junho.

Na ocasião, Michel Temer faria uma visita oficial bilateral ao presidente da Rússia, Vladmir Putin, em que tratariam de assuntos econômicos e comerciais. Segundo a Presidência, o encontro seria fruto de um convite a Temer feito pelo governo russo em 15 de dezembro do ano passado e está sendo planejado há meses.
 
A viagem foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores à imprensa em 5 de junho. Nesta segunda-feira (12), a viagem seguia mantida, ainda que seu cancelamento não seja descartado segundo fontes próximas ao governo ouvidas pela reportagem do UOL.
 
A última vez em que Temer e Putin se encontraram foi em outubro passado durante a cúpula dos Brics (bloco de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Goa, na Índia. Na época, Michel Temer foi o único presidente do grupo a não ser recebido por Putin em visita bilateral.
 
O Palácio do Planalto já trabalha com a hipótese de que Temer será denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF (Supremo Tribunal Federal) nas próximas semanas. Após a apresentação da denúncia ao tribunal, ela é encaminhada pela presidente do Supremo, Cármen Lúcia, à Câmara dos Deputados. Na Casa, Temer precisa de ao menos 172 votos para barrar a abertura do processo no STF.
 
Para assegurar a fidelidade dos parlamentares, a presença de Temer em Brasília é vista como fundamental. O cancelamento ou não da viagem, porém, deve depender de quando a denúncia será apresentada e como será o andamento dela na Câmara.
 
Nesta segunda-feira pela manhã, o presidente se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), no Palácio do Planalto, Mais cedo, participaram de encontro com representantes do governo e de organizações não-governamentais para discutir mudanças climáticas.
 
A audiência acontece também no dia em que o PSDB, principal partido aliado de Temer, se reúne para decidir se permanece ou não no governo. O presidente tenta assegurar a manutenção dos tucanos na base aliada por temer uma consequente debandada de outras siglas. Aloysio Nunes é um dos caciques do PSDB que defende a permanência da legenda no governo.
 

Estratégias

Temer já é alvo de inquérito no STF, derivado de delação premiada do empresário da JBS Joesley Batista, por suspeita de envolvimento nos crimes de corrupção, obstrução à Justiça e organização criminosa. O presidente se recusou a responder as 82 perguntas enviadas pela Polícia Federal, grande parte delas relacionada ao seu envolvimento com o ex-assessor e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), preso em 3 de junho, e pediu o arquivamento do processo.
 
A possível denúncia inclusive já impacta na maneira como o Planalto pretende dar andamento às reformas Trabalhista e da Previdência. Na avaliação de aliados do peemedebista, a prioridade é aprovar logo a reforma Trabalhista no Senado por estar encaminhada e com um consenso maior entre parlamentares. Já a da Previdenciária deve ficar para o segundo semestre para deixar a crise política arrefecer.