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Humberto Costa elogia decisão do STF sobre parlamentares; Requião, Randolfe e Álvaro Dias criticam

Josias: Depois de morder Cunha, STF "soprou" Aécio

UOL Notícias

Aiuri Rebello e Leandro Prazeres

Do UOL, em São Paulo

12/10/2017 19h38

A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) na noite desta quarta-feira (11), que submete ao Congresso o afastamento e medidas cautelares contra deputados federais e senadores por parte da própria corte, repercutiu e causou a reação de senadores. O líder da minoria do Senado, Humberto Costa (PT-PE), elogiou a decisão.

"Acho que o STF tomou uma decisão acertada, restituindo parte da harmonia entre os poderes da República", afirmou ao UOL nesta quinta-feira (12). "Agora que a decisão está tomada, eu vou defender dentro do PT que a gente vote, no Senado, pela manutenção da decisão da turma que determinou o afastamento de Aécio do mandato. Eu entendo que existe um conjunto probatório robusto que sustenta esse afastamento", disse o senador, que é investigado na Operação Lava Jato.

UOL tentou contato nesta quinta-feira (12) com mais de 30 senadores, mas apenas o petista respondeu. A assessoria de Álvaro Dias (Podemos-PR) enviou um vídeo gravado pelo político para a reportagem. 

"Seguramente não foi um dia de glória para a Justiça brasileira", afirma o senador paranaense. "Daquela decisão sobre o afastamento de Eduardo Cunha da Câmara dos Deputados, que foi unânime, até o Supremo dividido ontem [11], verificou-se uma mudança de opinião significativa", diz. "O Supremo abdicou da sua competência e transferiu poderes ao Legislativo, que agora é quem dá a última palavra."

"Na contramão do que quer a sociedade brasileira, o Supremo Tribunal Federal amplia os privilégios das autoridades brasileiras, quando todos nós deveríamos estar trabalhando para acabar com eles", afirma Dias no vídeo de pouco mais de um minuto de duração.

Senadores falaram nas redes

Outros senadores também manifestaram-se nas redes sociais. "Na minha opinião, o STF 'lenhou' prerrogativas constitucionais, mas o Senado para não se desmoralizar: deve agora oferecer apoio ao afastamento", afirmou o senador Roberto Requião (PMDB-PR) no Twitter. "Cabre ao Senado mostrar que não é complacente e autocomplacente com a corrupção."

"O 6 a 5 do STF é o nosso novo 7 a 1, no caso a Impunidade é a Alemanha", escreveu o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), em referência à derrota da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014. "Triste momento da nossa justiça. Por 6 x5, STF decidiu que a palavra final sobre afastamento de parlamentares corruptos é do Congresso. Isso compromete o futuro da Operação Lava Jato e de qualquer investigação contra políticos", completou Randolfe no Instagram.

Disputando a vaga de candidato à Presidência da República pelo PSDB com seu afilhado político João Doria, prefeito de São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, elogiou a decisão do STF durante visita ao Santuário de Nossa Senhora Conceição Aparecida, em Aparecida, a 167 quilômetros da capital paulista. "A decisão foi correta no sentido de evitar crise institucional entre os Poderes", disse.

O coordenador da força tarefa do MPF (Ministério Público Federal) na Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador da República Deltan Dallagnol, criticou a sentença do STF. "“Não surpreende que anos depois da Lava Jato os parlamentares continuem praticando crimes: estão sob suprema proteção”, afirmou em suas redes sociais.