Janot diz que suspeitava de fuga do país ao investigar 'bunker' de Geddel
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot afirmou que foram suspeitas de uma possível fuga do país que levaram os investigadores ao apartamento com malas de dinheiro ligadas ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB).
Janot, atualmente subprocurador-geral da República, contou em palestra em uma universidade de Brasília nesta terça-feira (3) que inicialmente não se suspeitava que seria encontrado dinheiro no apartamento.
"Esse cidadão estava preso e obteve autorização para prisão domiciliar. O estado natal dele não tinha tornozeleira eletrônica, então ele ficou em domiciliar, sem tornozeleira, e começou a fazer um movimento estranho", disse.
"Aí os vizinhos ligaram para a Procuradoria dizendo: tem um movimento muito estranho desse cidadão, ele deve estar se organizando para fugir do país. Houve um pedido de busca e apreensão no apartamento e estávamos seguros de que encontraríamos material para fuga", afirmou Janot.
Durante a palestra, Janot não citou nomes dos políticos investigados. Mas foi possível identificar o caso por meio das fotografias da apreensão do dinheiro mostradas na apresentação.
A defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima negou, em manifestação ao STF (Supremo Tribunal Federal), que haja irregularidade no dinheiro encontrado e afirmou que a origem dos R$ 51 milhões decorre da "simples guarda de valores em espécie".
Delação de Youssef
O ex-procurador-geral também afirmou, na palestra, que o Ministério Público cometeu um erro ao fechar a primeira delação premiada com o doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs da Operação Lava Jato.
Um dos principais delatores da operação, Youssef já havia firmado um acordo de colaboração com o Ministério Público no chamado escândalo do Banestado, que investigou um esquema de evasão de divisas a partir do Paraná.
Segundo Janot, o erro da Procuradoria foi ter reduzido os anos de pena de Youssef no primeiro acordo. Isso fez com que o crime prescrevesse e, quando se constatou que o doleiro havia descumprido o acordo, não foi mais possível puni-lo na Justiça por sua atuação no caso Banestado.
"Ao atribuir as premiações a ele nós reduzimos o quantitativo da pena. Depois ele quebra o acordo e, quando nós tentamos então tocar o processo penal adiante, já havia ocorrido a prescrição devido ao quantitativo pequeno da pena", disse.
"Esse ensinamento, isso foi doído, nos alertou para isso. Então esse erro, nessas 162 coalaborações premiadas realizadas até agora [na Lava Jato], nós não cometemos mais", afirmou o antigo chefe do Ministério Público Federal.
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