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Acuado desde caso Queiroz, Flávio Bolsonaro fala pela 1ª vez no Senado

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

20/02/2019 18h53Atualizada em 20/02/2019 19h10

O plenário do Senado enfim ouviu a voz do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que se mostrava acuado desde a divulgação na imprensa das transações financeiras atípicas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz. O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) usou o microfone na sessão deliberativa de hoje para dar boa sorte ao novo líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e fazer elogios à oposição na Casa.

"Presidente, muito rapidamente, só para desejar muito boa sorte ao senador Fernando Bezerra nessa missão importante de ser líder do governo. Uma pessoa preparada, qualificada, que conhece a Casa como poucos", afirmou o parlamentar.

Ele destacou que, em sua visão, o relacionamento entre o Senado e a Câmara dos Deputados com o governo federal precisa ser "aprimorado". "Acho que é um momento inicial do governo ainda em que as coisas estão se ajustando, os canais de diálogo estão sendo consolidados."

Flávio também fez um aceno de cordialidade aos membros da oposição no Parlamento e afirmou que eles agem de forma "responsável e qualificada". "Eu não tenho dúvida que quem ganha com isso é o nosso país no aprimoramento das matérias que vão ser apreciadas aqui nesse plenário", comentou.

Depois de falar no Senado, Flávio utilizou o Twitter para comentar a proposta de reforma da Previdência que foi entregue hoje pelo pai ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Na visão dele, caberá ao Congresso "aprimorar" o texto da reforma e incluir, por exemplo, emenda que incluiria as guardas municipais nas mesmas regras de policiais.

O congressista está na mira do Ministério Público do Rio de Janeiro por conta de quase 50 depósitos em dinheiro feitos em suas contas, no total de R$ 96 mil. A investigação teve início com a divulgação de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), no começo do ano.

A varredura também identificou "movimentações atípicas" na conta de vários assessores parlamentares, entre os quais o policial militar Fabrício Queiroz, à época lotado no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (entre 2016 e 2017). O procedimento do MP apura a possibilidade de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio terem repassado parte de seus salários a deputados fluminenses.

Antes da sessão de hoje, Flávio só havia se pronunciado no Senado em três ocasiões, sendo uma na cerimônia de posse e as demais em reuniões preparatórias.

A primeira ocorreu em 1º de fevereiro, quando o parlamentar ficou alheio à guerra pelo comando da Casa, vencida por Davi Alcolumbre (DEM-AP), e tornou-se mero coadjuvante. Sua voz foi ouvida apenas no momento do juramento, quando cada senador é chamado para repetir a expressão "assim o prometo".

Já na sessão em que foi realizada a eleição do presidente da Casa, em 2 de fevereiro, o pesselista limitou-se a declarar seu voto em Alcolumbre. Naquele dia, manteve-se em silêncio mesmo depois que seu nome foi citado pelo principal adversário de Alcolumbre, o veterano Renan Calheiros (MDB-AL).

Na ocasião, o emedebista disse que a mudança de posição de Flávio, que desistiu do voto secreto para torná-lo público, era prova de um processo eleitoral antidemocrático.

Já na reunião preparatória do dia 6 de fevereiro, quando foi definida a composição da Mesa, o parlamentar pediu a palavra para defender a sua indicação ao cargo de terceiro secretário. Em resposta a uma questão de ordem apresentada por Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ele declarou que não havia qualquer impedimento ilegal em compor a Mesa mesmo sendo filho do presidente da República.

"Quando há impedimento, está expresso na lei. Por exemplo, eu não posso ser candidato, por ser filho do presidente, a prefeito, a governador. Para a alegria de muitos no meu estado, eu tenho esse impedimento legal."

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