Topo

Moro nega que se omitiu sobre porteiro do caso Marielle que citou Bolsonaro

Entrada do condomínio Vivendas da Barra onde Bolsonaro possui residência no Rio de Janeiro - Gabriel Sabóia/UOL
Entrada do condomínio Vivendas da Barra onde Bolsonaro possui residência no Rio de Janeiro Imagem: Gabriel Sabóia/UOL

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

05/05/2020 19h07

No depoimento que prestou à Polícia Federal (PF) no último sábado (2), o ex-ministro da Justiça Sergio Moro negou as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que não havia se empenhado para esclarecer as declarações do porteiro do condomínio no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco no Rio.

O porteiro afirmou, para depois mudar a versão, que foi Bolsonaro quem teria autorizado a entrada no condomínio do ex-PM Élcio Queiroz, um dos acusados pelo crime, no local.

Segundo o termo de declarações que resumiu o depoimento de Moro, Bolsonaro teria reclamado da "falta de empenho do declarante [Moro] e da Polícia Federal para esclarecer as declarações do porteiro de seu condomínio acerca do suposto envolvimento do presidente no assassinato da vereadora Marielle [Franco] e [do motorista] Anderson [Gomes]".

Na fala de Bolsonaro em resposta ao discurso de despedida de Moro do Ministério da Justiça, o presidente disse que a PF se importou mais com o caso Marielle do que com a facada da qual ele foi vítima.

Moro respondeu que "tal reclamação não procede" pois teria sido ele quem pediu para o MPF e a PF atuarem no caso e que a Polícia Federal colheu o depoimento do porteiro e que este "se retratou".

De acordo com o ex-ministro, a PF teria realizado outras diligências no caso, mas o termo não esclarece quais teriam sido essas diligências.

No depoimento Moro ainda abordou o interesse do presidente em trocar o chefe da PF no Rio de Janeiro, a desautorização de Bolsonaro após Moro nomear uma conselheira, o processo de "fritura" do último diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e a reclamação do mandatário sobre as investigações da facada que levou durante a campanha eleitoral.