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Doria diz que ACM lhe garantiu que DEM não apoiará o governo Bolsonaro

Lucas Borges Teixeira, Rafael Bragança e Allan Brito

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL

10/02/2021 13h33Atualizada em 10/02/2021 15h19

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse hoje que o presidente nacional do DEM, ACM Neto, lhe garantiu que o seu partido não apoiará o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo Doria, a decisão vale tanto para a orientação da legenda a parlamentares em sua atuação no Congresso como para a um possível apoio do DEM à candidatura de Bolsonaro à reeleição no ano que vem.

O governador paulista recebeu ACM Neto ontem em um jantar no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. A reunião aconteceu no contexto da aproximação de Doria com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já anunciou sua intenção de deixar o DEM. Doria disse que convidou Maia para integrar o PSDB.

Maia chegou a afirmar que se sentiu traído pelo partido na eleição à presidência da Câmara, realizada na semana passada. O candidato apoiado por Maia, Baleia Rossi (MDB-SP), foi derrotado por Arthur Lira (PP-AL), que tinha a preferência de Bolsonaro. Antes da votação, o DEM liberou seus parlamentares a votarem em quem quisessem, após desembarcar do bloco que apoiava Baleia.

"O jantar foi produtivo, sereno e a informação mais importante, ouvimos do presidente do DEM, quando afirmou cabalmente que o DEM não apoia e não apoiará o governo Jair Bolsonaro, nem neste momento, nem no futuro, para o programa sucessório", afirmou Doria durante entrevista coletiva sobre a pandemia de covid-19.

O governador paulista não quis antecipar, porém, se uma aliança com o DEM está sendo construída para a corrida presidencial de 2022. Em 2018, Doria se elegeu tendo como vice Rodrigo Garcia (DEM), que participou da reunião ontem com ACM Neto.

"Os demais entendimentos, temos jantar [marcado] para março. Continuaremos as conversas e demais continuarão num bom ritmo", afirmou.

Ele ainda negou que durante o encontro tenha sido discutida uma possível filiação de Garcia ao PSDB. O atual vice-governador é cotado para disputar o cargo principal do governo estadual na eleição de 2022, caso Doria se candidate à Presidência da República.

"Chega de PSDB do muro"

Além das tratativas com o DEM, o que tem movido o governador paulista politicamente nos últimos dias é a sua intenção de consolidar o PSDB como um partido de oposição a Bolsonaro. A ofensiva, que teve um jantar com a cúpula tucana anteontem, vem após o PSDB, assim como o DEM, também liberar o voto de seus deputados na eleição à presidência da Câmara. Para Doria, isso foi determinante para eleger Lira.

"O PSDB a partir de agora é partido de oposição ao governo Jair Bolsonaro", cravou hoje Doria ao comentar sobre o assunto. "O PSDB tem que ser um partido de posições. Chega de PSDB do muro, que não tem postura e coragem para defender aquilo que deve. Essa é a minha posição e não me moverei. Partido que está do outro lado, oposto ao negacionista Jair Bolsonaro", completou.

Acompanhando da sua defesa sobre o posicionamento tucano, Doria também tem pedido a saída do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) da legenda. Segundo o governador paulista, Aécio foi um dos líderes do movimento que fez o PSDB desembarcar do bloco que apoiava Baleia na eleição da Câmara.