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Josias: Podemos nos dar conta sobre aparelhamento quando for tarde demais

Do UOL, em São Paulo

16/06/2021 08h55Atualizada em 16/06/2021 09h06

O colunista Josias de Souza disse que considera gravíssima a informação revelada hoje pelo UOL de que a delegada responsável pela Operação Lume, Denisse Ribeiro, foi retirada da investigação 14 dias depois de pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma busca e apreensão no Palácio do Planalto, sede do governo federal.

Em participação ao UOL News, Josias disse que é importante esclarecer a questão e prestar atenção em um possível aparelhamento de instituições como a Polícia Federal.

É importantíssimo que essas coisas sejam muito bem esclarecidas e que tudo seja acomodado em pratos bem asseados. Do contrário, podemos nos dar conta que o aparelhamento já ocorreu quando for tarde demais
Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, é "desconcertante" ver que Denisse Ribeiro foi retirada da investigação "seguindo a orientação da direção-geral" da PF (Polícia Federal)", conforme mostra a reportagem.

"O mais desconcertante é você verificar que a delegada foi importunada no instante que ela quis fazer um batida de busca e apreensão na cozinha do Palácio do Planalto, na secretaria de comunicação", disse.

Operação Lume

O pedido para a realização da segunda fase da Operação Lume, que investiga a organização e o financiamento de atos antidemocráticos, foi feito em 25 de junho de 2020.

Os alvos da delegada da PF seriam a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, que funciona dentro do Planalto e tem repartições na Esplanada, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, os endereços do secretário de Comunicação Fábio Wajngarten e um canal bolsonarista no YouTube.

Cinco dias depois, outro delegado, Fábio Shor, pediu ao STF buscas nas três agências de publicidade com contratos com a Presidência: Artplan, Calia e NBS-PPR.

O objetivo das buscas era procurar provas de que agentes públicos distribuíram verbas do governo para canais bolsonaristas que incitavam movimentos na internet e nas ruas pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo e a volta da ditadura militar e do AI-5 (Ato Institucional número 5), o mais duro dos anos de repressão.

A assessoria da Polícia Federal não prestou esclarecimentos e não forneceu cópia do processo de mudança dos delegados do caso. O Palácio do Planalto não comentou.