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'Em janeiro, locomotiva tem que estar andando', diz Lula sobre governo

Presidente eleito Lula participa de reunião com ONGs na COP27 em Sharm el-Sheik, no Egito - MOHAMED ABD EL GHANY/REUTERS
Presidente eleito Lula participa de reunião com ONGs na COP27 em Sharm el-Sheik, no Egito Imagem: MOHAMED ABD EL GHANY/REUTERS

Do UOL, em São Paulo

17/11/2022 06h43Atualizada em 17/11/2022 10h45

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou hoje, em encontro com integrantes de movimentos sociais e da sociedade civil durante a COP27, que, após a sua posse, em janeiro, "a locomotiva já tem que estar andando". A agenda ocorreu na cidade de Sharm El-Sheikh, no Egito.

"Quando eu voltar ao Brasil, vamos voltar a conversar para que a gente não perca tempo. Dezembro a gente toma posse e, em janeiro, a locomotiva já tem que estar andando para que a gente possa reconstruir o mais rápido possível", disse.

Em seu discurso, Lula também voltou a fazer sinalizações ao agronegócio e disse que "o Estado não pode só proibir". "Nós precisamos dizer como fazer as coisas da forma certa", afirmou.

"Eu não quero que gostem de mim, eu só quero que me respeitem. [...] Não é necessário derrubar uma árvore para plantar coisas novas. Temos milhares de hectares degradados que podem ser recuperados", completou.

O presidente eleito ainda dedicou parte de sua fala para destacar quais serão suas prioridades e criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL),que foi derrotado por ele no segundo das eleições presidenciais, em outubro.

"O problema da violência na periferia é a ausência do Estado. O Estado tem que estar presente com Educação, Saúde, tem que estar presente no cotidiano da sociedade. Mas não pensem que vão ficar numa boa só cobrando, não. Vocês vão ter que ajudar a fazer", disse Lula.

"Nós derrotamos o Bolsonaro, mas o bolsonarismo continua aí. Vocês estão vendo aí como eles atacam as tribos indígenas, a violência com que eles atacam. Se a gente ficar brigando e não governar, a gente vai perder a razão por que fomos eleitos", acrescentou o petista.

Furo de teto de gastos como "responsabilidade social". Lula defendeu novamente o furo do teto de gastos como uma medida de "responsabilidade social" para o financiamento de programas assistenciais. "Se eu falar isso vai cair a bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência", afirmou o presidente eleito.

Para o petista, a flutuação dos índices econômicos não acontece "por causa das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que ficam especulando todo santo dia".

"Nós temos que cumprir meta de inflação, sim. Mas nós temos que ter meta de crescimento. Nós temos que ter algum compromisso de crescimento, de geração de emprego, se não, como você vai fazer para que a riqueza seja distribuída? Nós temos que garantir que vamos aumentar o salário mínimo acima da inflação", acrescentou.

A equipe de transição de Lula, representada vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), entregou ontem a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que propõe deixar o Bolsa Família de fora do teto de gastos para viabilizar a manutenção de programas sociais e o cumprimento de promessas de campanha do petista.

O texto também prevê, por exemplo, o aumento do salário mínimo acima da inflação, a partir de janeiro de 2023. Estimativas apontam que o plano de Lula deve custar R$ 175 bilhões por ano.

"Entregamos uma proposta para que o legislativo federal possa analisá-la. Em resumo, ela [a proposta] retira do teto de gastos o Bolsa Família e as crianças de até seis anos. É o cuidado com o social, combater a fome, erradicar a pobreza e atender às crianças", discursou Alckmin após a entrega da PEC.

"Não há nenhum cheque em branco. Agora não tem sentido você colocar na Constituição brasileira detalhamento. Essa é a LOA [lei orçamentária anual]. Mas antes de você votar a lei orçamentária, você tem que ter a PEC. Então a PEC tem o princípio, que é o cuidado com a criança e a erradicação da pobreza extrema, que é o Bolsa Família. E aí a LOA vai detalhar. É o Congresso quem vai detalhar [quantos milhões em cada programa]. Então não tem nenhum cheque em branco", disse o vice-presidente eleito.