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Vizinhos de médico com ebola em NY se dizem chocados e com medo

Prédio onde o médico Craig Spencer mora em Nova York tem escolta da polícia - Don Emmert/AFP
Prédio onde o médico Craig Spencer mora em Nova York tem escolta da polícia Imagem: Don Emmert/AFP

Do UOL, em São Paulo

24/10/2014 12h44

Vizinhos do médico Craig Spencer, 33, hospitalizado em Nova York com o ebola, nesta quinta-feira (23), dizem estar chocados e com medo de terem contraído o vírus. O apartamento do médico no Harlem está lacrado.

Craig Spencer está internado no hospital Bellevue de Manhattan, preparado especialmente para tratar casos de ebola em Nova York, a cidade mais povoada dos Estados Unidos.

John Byun, 60, disse estar preocupado por ter lavado as roupas de Spencer e de sua noiva, Morgan Dixon. Nos EUA, é comum haver lavanderias comunitárias em prédios.

“Eu lavava suas roupas. Vou ficar bem, certo? Ele vai ficar bem?", questionou Byun a reportagem do "New York Post".

Outro vizinho disse estar chocado e com medo de contrair a doença depois que o caso foi confirmado.

"Estou em estado de choque. Estou nervoso de ir ao meu apartamento agora", disse Derick Gordon, 17. "Eu tenho um pouco de medo agora porque [o caso de ebola] está no meu prédio. Isso só se tornou muito verdadeiro e é horrível".

Robert Cedano, que trabalha no prédio, disse que está preocupado com a possibilidade de poder contrair a doença mortal.

"É preocupante", disse. "Eu não sei quando ele vai voltar. Mas agora ele se foi, estou aliviado".

Moradores do prédio receberam folhetos sobre o ebola, que esclarecem sobre sintomas e como o vírus é transmitido.

Médico andou de metrô 3 vezes

Autoridades de Nova York estão a procura de pessoas que tiveram contato com o médico.

Spencer, um médico atuando com casos de emergência que estava trabalhando com a organização Médicos Sem Fronteiras na Guiné, país que tem sofrido com o surto de ebola, retornou à cidade na sexta-feira passada.

Depois disso, segundo as autoridades, ele visitou um parque, fez uma refeição em um restaurante, visitou um boliche no Brooklyn, andou de metrô pelo menos três vezes e fez uma corrida de quase cinco quilômetros.

Autoridades contataram um motorista de táxi que transportou Spencer na quarta-feira (22), mas não consideram que ele esteja sob risco.

A noiva de Spencer e mais dois amigos do casal estão em quarentena.

Governo pede para evitar pânico

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, confirmou o diagnóstico de Spencer na noite desta quinta-feira (23) em entrevista à imprensa.

"Os exames realizados hoje [quinta-feira] confirmaram que um paciente aqui na cidade de Nova York teve um resultado positivo para ebola", disse De Blasio.

O governo da cidade pediu a população que não entre em pânico e disse que está investigando junto com o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) o paradeiro de pessoas que tiveram contato com o médico.

"Queremos deixar claro, desde o início, que não há razão para que os nova-iorquinos fiquem alarmados", destacou De Blasio, insistindo que a cidade de 8,4 milhões de habitantes está preparada para enfrentar o problema.

"O ebola é muito difícil de se contrair. Se transmite apenas pelo contato com o sangue e outros fluidos corporais" da pessoa infectada, recordou o prefeito.

Médico media febre todos os dias

A Médico Sem Fronteiras (MSF) relatou que Spencer, que trabalhou para a organização "em um dos países da África afetados pelo ebola, informou à organização que apresentava febre, cumprindo com as estritas determinações observadas pelo pessoal que retorna de uma missão".

O médico media sua temperatura duas vezes por dia.

Imediatamente após o comunicado de Spencer, a MSF informou a situação aos serviços de saúde de Nova York, com base nos protocolos adotados.

(Com agências e jornais internacionais)