Crise do Mali apresenta grandes riscos para a África
LAGOS, 15 Jan 2013 (AFP) - O conflito no Mali, que levou a ataques aéreos franceses e a planos para mobilizar tropas africanas, levanta uma série de riscos elevados para todo o continente, de uma violenta reação dos islamitas a um potencial desastre humanitário.
Os países do oeste africano devem enfrentar a dura realidade de que uma falta de resposta poderia conduzir a uma expansão da presença dos extremistas e de grupos criminosos capazes de criar maior caos, mas o uso da força militar também envolve riscos complexos.
Alguns países que participam da força de cerca de 3.000 africanos prevista para ajudar o Mali a recuperar o controle no norte, tomado pelos islamitas, podem sofrer represálias de extremistas similares em seu próprio território, afirmaram alguns analistas.
Ao mesmo tempo, não está garantido que a operação militar no vasto deserto no norte do Mali tenha êxito. Ela também pode provocar uma avalanche de mais refugiados em direção aos países vizinhos, que já lutam para atender às necessidades de sua própria população.
Até agora, a região optou de forma majoritária por aprovar a intervenção, elogiando a França, que na segunda-feira lançou operações aéreas pelo quarto dia consecutivo, e correndo para preparar tropas para a força.
Países como a Nigéria, que dirigirá a força africana, embora precise combater sua própria insurreição de extremistas islamitas do grupo Boko Haram, não podem ignorar as ameaças internas.
Acredita-se que membros do Boko Haram, um grupo de objetivos pouco claros, viajaram ao norte do Mali para serem treinados.
Aparentemente, alguns extremistas islamitas na Nigéria também têm relações com a Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), que operou no norte do Mali e em outros países da região.
"Isto significa que você tem alguns riscos de ataques terroristas", disse Gilles Yabi, diretor do projeto África Ocidental para o International Crisis Group (Grupo Internacional de Crise). "Todos estes países podem sofrer alguma forma de represália", acrescentou.
A posição da Argélia, que compartilha uma longa fronteira com o norte do Mali, desencadeou polêmicas.
Apesar de ser uma potência regional, a Argélia se negou categoricamente a enviar tropas e pediu um diálogo, embora não tenha se oposto à intervenção internacional e tenha autorizado os aviões de guerra franceses a utilizarem seu espaço aéreo.
Este país teve sua própria luta com o extremismo islâmico e foi o berço do AQMI.
O Níger, que também é vizinho do norte do Mali, registrou vários sequestros que foram reivindicados pelo AQMI. Prometeu 500 soldados para a força africana, como fizeram Senegal, Burkina Faso e Togo.
Benin prometeu 300 tropas, Gana 120 e Nigéria anunciou 600, a maior quantidade até a data.
Apesar da preocupação por uma eventual reação violenta, o progresso dos islamitas em direção ao sul do Mali, onde na semana passada se apoderaram de uma cidade importante que levou à intervenção militar francesa, levou ao início das ações na região.
Um avanço contínuo dos islamitas, que ameaça fornecer um refúgio seguro tanto para os extremistas quanto para os grupos criminosos, levanta "uma ameaça existencial", afirmou Alex Vines, diretor do programa para a África no centro de estudos Chatham House, com sede em Londres.
"Esta é uma intervenção legítima", disse Vines. "O presidente do Mali pediu à França que participasse (...) Acredito que isto está tão claro que ninguém o criticou", acrescentou.
No entanto, há ceticismo sobre a intervenção militar prevista pela Comunidade de Países da África Ocidental (CEDEAO), que foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.
Esta força não deveria ser mobilizada até setembro, para permitir que fossem realizados os preparativos e o treinamento de 5.000 soldados do Mali, mas tudo isso mudou na semana passada.
Uma das tarefas mais difíceis pode surgir depois que os islamitas forem expulsos de seus bastiões, disse Yabi.
"O passo seguinte será assegurar que há tropas suficientes para fornecer segurança às diversas cidades que serão recuperadas", disse. "Até o momento não está claro se há tropas terrestres suficientes para este tipo de trabalho", acrescentou.
A força provavelmente continuará necessitando de ajuda ocidental, acrescentou.
E ainda que esta apressada operação seja bem-sucedida, a situação humanitária continuará levantando uma grave preocupação. Muitos refugiados já atravessam a fronteira em direção aos vizinhos Burkina Faso, Níger e Mauritânia.
De acordo com a agência da ONU para os refugiados, centenas de milhares de pessoas deixaram suas casas desde o início dos confrontos entre os insurgentes e os militares, no início de 2012.
Nesta época, os islamitas aproveitaram o vazio de poder criado por um golpe militar em março para se apoderar de grandes setores no norte do Mali, onde impuseram uma brutal legislação islâmica.
"A insegurança no norte do Mali, que ameaça desestabilizar toda a região, continuará sendo uma limitação importante", acrescentou esta agência da ONU, referindo-se às dificuldades para o trabalho humanitário na região.
Os países do oeste africano devem enfrentar a dura realidade de que uma falta de resposta poderia conduzir a uma expansão da presença dos extremistas e de grupos criminosos capazes de criar maior caos, mas o uso da força militar também envolve riscos complexos.
Alguns países que participam da força de cerca de 3.000 africanos prevista para ajudar o Mali a recuperar o controle no norte, tomado pelos islamitas, podem sofrer represálias de extremistas similares em seu próprio território, afirmaram alguns analistas.
Ao mesmo tempo, não está garantido que a operação militar no vasto deserto no norte do Mali tenha êxito. Ela também pode provocar uma avalanche de mais refugiados em direção aos países vizinhos, que já lutam para atender às necessidades de sua própria população.
Até agora, a região optou de forma majoritária por aprovar a intervenção, elogiando a França, que na segunda-feira lançou operações aéreas pelo quarto dia consecutivo, e correndo para preparar tropas para a força.
Países como a Nigéria, que dirigirá a força africana, embora precise combater sua própria insurreição de extremistas islamitas do grupo Boko Haram, não podem ignorar as ameaças internas.
Acredita-se que membros do Boko Haram, um grupo de objetivos pouco claros, viajaram ao norte do Mali para serem treinados.
Aparentemente, alguns extremistas islamitas na Nigéria também têm relações com a Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), que operou no norte do Mali e em outros países da região.
"Isto significa que você tem alguns riscos de ataques terroristas", disse Gilles Yabi, diretor do projeto África Ocidental para o International Crisis Group (Grupo Internacional de Crise). "Todos estes países podem sofrer alguma forma de represália", acrescentou.
A posição da Argélia, que compartilha uma longa fronteira com o norte do Mali, desencadeou polêmicas.
Apesar de ser uma potência regional, a Argélia se negou categoricamente a enviar tropas e pediu um diálogo, embora não tenha se oposto à intervenção internacional e tenha autorizado os aviões de guerra franceses a utilizarem seu espaço aéreo.
Este país teve sua própria luta com o extremismo islâmico e foi o berço do AQMI.
O Níger, que também é vizinho do norte do Mali, registrou vários sequestros que foram reivindicados pelo AQMI. Prometeu 500 soldados para a força africana, como fizeram Senegal, Burkina Faso e Togo.
Benin prometeu 300 tropas, Gana 120 e Nigéria anunciou 600, a maior quantidade até a data.
Apesar da preocupação por uma eventual reação violenta, o progresso dos islamitas em direção ao sul do Mali, onde na semana passada se apoderaram de uma cidade importante que levou à intervenção militar francesa, levou ao início das ações na região.
Um avanço contínuo dos islamitas, que ameaça fornecer um refúgio seguro tanto para os extremistas quanto para os grupos criminosos, levanta "uma ameaça existencial", afirmou Alex Vines, diretor do programa para a África no centro de estudos Chatham House, com sede em Londres.
"Esta é uma intervenção legítima", disse Vines. "O presidente do Mali pediu à França que participasse (...) Acredito que isto está tão claro que ninguém o criticou", acrescentou.
No entanto, há ceticismo sobre a intervenção militar prevista pela Comunidade de Países da África Ocidental (CEDEAO), que foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.
Esta força não deveria ser mobilizada até setembro, para permitir que fossem realizados os preparativos e o treinamento de 5.000 soldados do Mali, mas tudo isso mudou na semana passada.
Uma das tarefas mais difíceis pode surgir depois que os islamitas forem expulsos de seus bastiões, disse Yabi.
"O passo seguinte será assegurar que há tropas suficientes para fornecer segurança às diversas cidades que serão recuperadas", disse. "Até o momento não está claro se há tropas terrestres suficientes para este tipo de trabalho", acrescentou.
A força provavelmente continuará necessitando de ajuda ocidental, acrescentou.
E ainda que esta apressada operação seja bem-sucedida, a situação humanitária continuará levantando uma grave preocupação. Muitos refugiados já atravessam a fronteira em direção aos vizinhos Burkina Faso, Níger e Mauritânia.
De acordo com a agência da ONU para os refugiados, centenas de milhares de pessoas deixaram suas casas desde o início dos confrontos entre os insurgentes e os militares, no início de 2012.
Nesta época, os islamitas aproveitaram o vazio de poder criado por um golpe militar em março para se apoderar de grandes setores no norte do Mali, onde impuseram uma brutal legislação islâmica.
"A insegurança no norte do Mali, que ameaça desestabilizar toda a região, continuará sendo uma limitação importante", acrescentou esta agência da ONU, referindo-se às dificuldades para o trabalho humanitário na região.